Reisados destacam religiosidade e cultura
2/1/2011
Os grupos de reisados ajudam na preservação da tradição religiosa e cultural em vários bairros da Cidade
Tradições religiosa e cultural mantidas. Fortaleza já vive o clima da comemoração de Reis, um festejo deste período, quando alguns grupos encenam o nascimento de Jesus e a visita dos três reis magos. Os vários grupos de reisado realizam cortejo pelas ruas de bairros da Cidade.
O reisado é uma dança popular religiosa que festeja a véspera do Dia de Reis, comemorado em 6 de janeiro. Pode ser dançado em qualquer época do ano, mas a tradição é no período de 24 de dezembro a 6 de janeiro.
Os grupos que fazem esse ritual costumam sair de porta em porta anunciando a chegada do Messias e cumprimentando os donos das casas por onde passam cantando músicas características.
Apresentação
Cores, ritmo e muita alegria é o que prometem os brincantes do Cordão do Caroá, projeto de extensão da Universidade Federal do Ceará (UFC), que se apresentam dia 6 de janeiro, às 18 horas, nos jardins da reitoria, na tradicional Festa de Reis. Este ano, a festa contará com a participação do Reisado Sesc Nossa Senhora da Saúde, Boi Ceará (do Mestre Zé Pio), Brincantes do Mercado Velho, e de dois convidados de Juazeiro do Norte: Reisado São Miguel, do Mestre Valdir, e Reisado do Mestre Cicinho.
Decano
Com dez anos de atividades pautadas na preservação da cultura popular, o Cordão do Caroá tem em sua composição seis estudantes de graduação(Educação Musical, Pedagogia e Sociologia). Elementos da contemporaneidade vêm juntar-se às manifestações culturais, enriquecendo as apresentações.
Para o mestre dos brincantes do Cordão do Caroá, Paulo Henrique Leitão, o Reisado rememora a cearensidade, além de promover a socialização, resgatando a cultura popular.
"O Cordão ajudou a construir uma nova linguagem de difusão artística das culturas de tradição oral no Estado", disse Paulo Henrique Leitão. "Foi através da inserção do Cordão na cultura popular que resolvi aprofundar-me nos estudos do tema e escrever a minha dissertação de mestrado", concluiu. O Cordão do Caroá iniciou sua programação natalina no último dia 24, com um cortejo intitulado "O reisado seguindo a estrela". A concentração aconteceu ao lado da Reitoria da UFC. Depois, o grupo percorreu as principais ruas do Benfica. No dia 26 de dezembro, deu continuidade à programação com a atividade "O Reisado anuncia o nascimento do menino Deus". Neste dia 6, o grupo vai encerrar o ciclo de apresentações.
Tradições religiosa e cultural mantidas. Fortaleza já vive o clima da comemoração de Reis, um festejo deste período, quando alguns grupos encenam o nascimento de Jesus e a visita dos três reis magos. Os vários grupos de reisado realizam cortejo pelas ruas de bairros da Cidade.
O reisado é uma dança popular religiosa que festeja a véspera do Dia de Reis, comemorado em 6 de janeiro. Pode ser dançado em qualquer época do ano, mas a tradição é no período de 24 de dezembro a 6 de janeiro.
Os grupos que fazem esse ritual costumam sair de porta em porta anunciando a chegada do Messias e cumprimentando os donos das casas por onde passam cantando músicas características.
Apresentação
Cores, ritmo e muita alegria é o que prometem os brincantes do Cordão do Caroá, projeto de extensão da Universidade Federal do Ceará (UFC), que se apresentam dia 6 de janeiro, às 18 horas, nos jardins da reitoria, na tradicional Festa de Reis. Este ano, a festa contará com a participação do Reisado Sesc Nossa Senhora da Saúde, Boi Ceará (do Mestre Zé Pio), Brincantes do Mercado Velho, e de dois convidados de Juazeiro do Norte: Reisado São Miguel, do Mestre Valdir, e Reisado do Mestre Cicinho.
Decano
Com dez anos de atividades pautadas na preservação da cultura popular, o Cordão do Caroá tem em sua composição seis estudantes de graduação(Educação Musical, Pedagogia e Sociologia). Elementos da contemporaneidade vêm juntar-se às manifestações culturais, enriquecendo as apresentações.
Para o mestre dos brincantes do Cordão do Caroá, Paulo Henrique Leitão, o Reisado rememora a cearensidade, além de promover a socialização, resgatando a cultura popular.
"O Cordão ajudou a construir uma nova linguagem de difusão artística das culturas de tradição oral no Estado", disse Paulo Henrique Leitão. "Foi através da inserção do Cordão na cultura popular que resolvi aprofundar-me nos estudos do tema e escrever a minha dissertação de mestrado", concluiu. O Cordão do Caroá iniciou sua programação natalina no último dia 24, com um cortejo intitulado "O reisado seguindo a estrela". A concentração aconteceu ao lado da Reitoria da UFC. Depois, o grupo percorreu as principais ruas do Benfica. No dia 26 de dezembro, deu continuidade à programação com a atividade "O Reisado anuncia o nascimento do menino Deus". Neste dia 6, o grupo vai encerrar o ciclo de apresentações.
PERMANÊNCIA
Reisado de Couro é raridade no Nordeste
3/1/2011
A tradição do Reisado de Couro remonta mais de 100 anos no Município de Barbalha, no Cariri, e o costume resiste
Barbalha. Um dos mais raros tipos de reisado do Nordeste se encontra no Barro Vermelho, neste Município. É o Reisado de Couro. O grupo foi resgatado há mais de três décadas e resiste ao tempo com os seus brincantes. O Mestre José Pedro de Oliveira, Mestre Gonçalo ou Mestre Pedro, com 81 anos, luta pela permanência da tradição e sai no comando das ordens com o seu pandeiro.
Final de tarde no Sítio Barro Vermelho, e está lá, sentado na varanda de casa no seu sítio, o receptivo brincante Zé Gonçalo, que já foi líder dos penitentes, o decurião, e Mateu de reisado. Desde cedo, mesmo sem o apoio do pai, decidiu levar a brincadeira de reisado com muito respeito. Chegava a fugir de casa, aos 14 anos, para brincar. E deixava a rede montada como se tivesse gente lá dentro dormindo.
O personagem do Mateu ficou só na lembrança. O Mestre fala da sua destreza na juventude e de um erro do adversário na dança. Isso resultou em sangue, já que um corte acima do olho fez o companheiro ir para o hospital. O nervosismo do Mestre Zé Gonçalo fez com que ele não quisesse mais encarar o personagem. Foi a única vez que tirou sangue de alguém, mesmo sem querer.
A tradição do Reisado de Couro remonta mais de 100 anos em Barbalha, segundo o Mestre, que recebeu o título de Mestre da Cultura Popular no Estado, em 2005. Zé Gonçalo agora busca incentivar os novos brincantes, o que não é uma tarefa fácil. O medo é que a tradição fique sem continuidade.
As apresentações do grupo aconteciam na sede dos agricultores do bairro e depois nas ruas da cidade de Barbalha. Na principal festa da cidade, no dia 13 de junho, é de lei o grupo se apresentar. Na data também se comemora o aniversário do líder do grupo.
"Estou perto de viajar e o importante é que fique a cultura", diz. Ele afirma que sempre procura estar nas apresentações para dar o comando com o seu pandeiro. Para o Mestre, os brincantes fazem as apresentações, mas nunca é como se o mesmo estivesse presente. O velho agricultor se empolga quando o assunto é reisado. "A cultura popular não pode acabar porque vem do começo do mundo. Se acaba se o mestre não se interessar de passar para as próximas gerações", ressalta.
Criação
Zé Gonçalo teve a preocupação de aprender com os outros. Foi decorando os passos e as letras de cabeça com outros mestres. Quando decidiu montar o Reisado de Couro, foi criando com os outros colegas, como Chiquinho Bernardo. As vestimentas e as máscaras de couro foram sendo confeccionadas aos poucos.
O grupo foi assumindo uma identidade e alegria. "A diferença do reisado do couro é que os caretas entram gritando", diz Zé Gonçalo. As vestimentas do grupo foram sendo criadas aos poucos, e também as máscaras de couro de boi.
Além do Mestre, tem os caretas, um babau (cavalo) e uma burrinha, o boi careta, o urubu e o jaraguá. São personagens que contam a história de uma tradição rara. É uma dança diferente. "Só de animação", completa o Mestre.
No comando da batida do pandeiro, no ritmado da sanfona e do bumba, os personagens entram em cena. É a entrada da chegada na casa: "Ô de casa, ô de fora, menina vem ver quem é...". Tem também a chegada do boi.
Elementos distintos
De acordo com o folclorista Cacá Araújo, o reisado se apresenta com estrutura ou elementos distintos nas várias regiões do Estado. No Cariri, a presença do negro na cultura da cana-de-açúcar faz aparecer o reisado como Reis de Congo. No sertão, a cultura do gado o transforma no Reis de Couro ou Reis de Careta. No litoral, surgem novas figuras como os "papangus" e o "folharal".
As dificuldades de manutenção das tradições desses grupos, segundo Cacá, tem como vilão e um dos principais entraves ao desenvolvimento de qualquer folguedo a carga midiática. "Difundindo saberes e costumes estranhos à nossa cultura, muitos deles carregados de futilidade consumista e pornografia", constata ele.
Idade
81 anos tem o mestre José Pedro de Oliveira, conhecido como mestre Gonçalo ou mestre Pedro. Ele luta pela permanência da tradição e sai no comando das ordens com o seu pandeiro
MAIS INFORMAÇÕES
Secretaria de Cultura do Município de Barbalha
Região do Cariri - Estado do Ceará
Telefone: (88) 3532.1708
ELIZÂNGELA SANTOSREPÓRTER
Barbalha. Um dos mais raros tipos de reisado do Nordeste se encontra no Barro Vermelho, neste Município. É o Reisado de Couro. O grupo foi resgatado há mais de três décadas e resiste ao tempo com os seus brincantes. O Mestre José Pedro de Oliveira, Mestre Gonçalo ou Mestre Pedro, com 81 anos, luta pela permanência da tradição e sai no comando das ordens com o seu pandeiro.
Final de tarde no Sítio Barro Vermelho, e está lá, sentado na varanda de casa no seu sítio, o receptivo brincante Zé Gonçalo, que já foi líder dos penitentes, o decurião, e Mateu de reisado. Desde cedo, mesmo sem o apoio do pai, decidiu levar a brincadeira de reisado com muito respeito. Chegava a fugir de casa, aos 14 anos, para brincar. E deixava a rede montada como se tivesse gente lá dentro dormindo.
O personagem do Mateu ficou só na lembrança. O Mestre fala da sua destreza na juventude e de um erro do adversário na dança. Isso resultou em sangue, já que um corte acima do olho fez o companheiro ir para o hospital. O nervosismo do Mestre Zé Gonçalo fez com que ele não quisesse mais encarar o personagem. Foi a única vez que tirou sangue de alguém, mesmo sem querer.
A tradição do Reisado de Couro remonta mais de 100 anos em Barbalha, segundo o Mestre, que recebeu o título de Mestre da Cultura Popular no Estado, em 2005. Zé Gonçalo agora busca incentivar os novos brincantes, o que não é uma tarefa fácil. O medo é que a tradição fique sem continuidade.
As apresentações do grupo aconteciam na sede dos agricultores do bairro e depois nas ruas da cidade de Barbalha. Na principal festa da cidade, no dia 13 de junho, é de lei o grupo se apresentar. Na data também se comemora o aniversário do líder do grupo.
"Estou perto de viajar e o importante é que fique a cultura", diz. Ele afirma que sempre procura estar nas apresentações para dar o comando com o seu pandeiro. Para o Mestre, os brincantes fazem as apresentações, mas nunca é como se o mesmo estivesse presente. O velho agricultor se empolga quando o assunto é reisado. "A cultura popular não pode acabar porque vem do começo do mundo. Se acaba se o mestre não se interessar de passar para as próximas gerações", ressalta.
Criação
Zé Gonçalo teve a preocupação de aprender com os outros. Foi decorando os passos e as letras de cabeça com outros mestres. Quando decidiu montar o Reisado de Couro, foi criando com os outros colegas, como Chiquinho Bernardo. As vestimentas e as máscaras de couro foram sendo confeccionadas aos poucos.
O grupo foi assumindo uma identidade e alegria. "A diferença do reisado do couro é que os caretas entram gritando", diz Zé Gonçalo. As vestimentas do grupo foram sendo criadas aos poucos, e também as máscaras de couro de boi.
Além do Mestre, tem os caretas, um babau (cavalo) e uma burrinha, o boi careta, o urubu e o jaraguá. São personagens que contam a história de uma tradição rara. É uma dança diferente. "Só de animação", completa o Mestre.
No comando da batida do pandeiro, no ritmado da sanfona e do bumba, os personagens entram em cena. É a entrada da chegada na casa: "Ô de casa, ô de fora, menina vem ver quem é...". Tem também a chegada do boi.
Elementos distintos
De acordo com o folclorista Cacá Araújo, o reisado se apresenta com estrutura ou elementos distintos nas várias regiões do Estado. No Cariri, a presença do negro na cultura da cana-de-açúcar faz aparecer o reisado como Reis de Congo. No sertão, a cultura do gado o transforma no Reis de Couro ou Reis de Careta. No litoral, surgem novas figuras como os "papangus" e o "folharal".
As dificuldades de manutenção das tradições desses grupos, segundo Cacá, tem como vilão e um dos principais entraves ao desenvolvimento de qualquer folguedo a carga midiática. "Difundindo saberes e costumes estranhos à nossa cultura, muitos deles carregados de futilidade consumista e pornografia", constata ele.
Idade
81 anos tem o mestre José Pedro de Oliveira, conhecido como mestre Gonçalo ou mestre Pedro. Ele luta pela permanência da tradição e sai no comando das ordens com o seu pandeiro
MAIS INFORMAÇÕES
Secretaria de Cultura do Município de Barbalha
Região do Cariri - Estado do Ceará
Telefone: (88) 3532.1708
ELIZÂNGELA SANTOSREPÓRTER
CARETAS
Mascarados de Potengi enriquecem folguedo
3/1/2011
O Reisado do Sassaré usa máscaras ou caretas, mas numa produção diferenciada. Encanta pelo amor à cultura
Juazeiro do Norte. Outro grupo raro no Cariri se encontra no Município de Potengi, no Sítio Sassaré, a 3 quilômetros da cidade. É o Reisado do Sassaré. O grupo também usa máscaras ou caretas, mas numa produção diferenciada.
Confeccionada em madeira e couro, os antepassados resistem ao tempo, por amor à cultura e a preservação de uma arte. Quando vem o chamado para o grupo se apresentar, começa todo um ritual de organização do material para seguir viagem, que resulta mesmo num grande divertimento. É a brincadeira se transferindo para outro terreiro.
São seis agricultores do Sítio Sassaré, mais os músicos e os personagens. Ao todo, são 12 personagens que eles conseguem formar. No entanto, conforme o formato anterior, seriam 12 caretas, além dos outros integrantes. A preocupação é pela permanência do grupo, mesmo com o número reduzido dos personagens.
Mestre Antônio Luiz de Sousa, de pequeno, que há mais de 23 anos conduz o grupo, deixava muitas vezes de dançar para escutar os chamamentos do mestre Raimundo Maximiniano. As músicas soavam ao seu ouvido como um aviso do destino. O menino só não aprendeu a fazer as máscaras.
A sua preocupação constante é de como fará para dar continuidade a um trabalho. A arte que atravessou décadas e, segundo o mestre, desde o seu bisavô tem notícia do envolvimento da família com o que ele chama de brincadeira.
A tradição nasceu no Município, na comunidade do Sítio Rosário. Lá se realizavam grandes espetáculos aos olhos dos visitantes até de outras cidades da região. Junto com o grupo, a lapinha da comunidade também chamava a atenção.
No grupo, personagens como o jaraguá, guriabá e a margarida estão ausentes, além dos caboclinhos. Há a presença do violeiro, que tem um papel importante nas apresentações.
Seu Francisco José de Amorim, um dos mais antigos na brincadeira, junto com o mestre, também tem a preocupação de juntar as roupas e incrementar os chapéus. Até para comprar os papéis coloridos para enfeitar as indumentárias é preciso buscar ajuda da comunidade. Todo esse movimento dá um tom especial e comunitário às brincadeiras. Chico percebe a importância de se valorizar os grupos de tradição. (ES)
MAIS INFORMAÇÕES
Prefeitura de Potengi
Diretoria de Cultura
culturapotengi@gmail.com
Telefone: (88) 3538.1225
CRATO E JUAZEIRO
Cortejo de grupos acontece até dia 6
Juazeiro do Norte. O cortejo dos grupos de tradição popular acontece tradicionalmente de 25 de dezembro até 6 de janeiro, Dia de Reis, um dos raros momentos de encontro dos integrantes nas ruas das cidades caririenses. Os brincantes mostram, no passo da resistência, a história que atravessa séculos.
Em Juazeiro do Norte, são cerca de 70 grupos que saem de bairros como o João Cabral, Pio XII e do Frei Damião. A maioria deles urbano. O encontrão acontece na Rua São Pedro, no Centro, mas um dos problemas ainda está relacionado a violência reservada a alguns grupos rivais. Os mestres estão sendo chamados à responsabilidade. O importante é ter uma festa bonita.
Segundo a Secretaria de Cultura deste Município, dentro desse caldeirão cultural, com lapinhas, bandas caçais, entre outros, são pelo menos 20 grupos de reisados. O bailado dos reis também recebe a cadência dos toques das bandas cabaçais.
As ruas se transformam num grande festejo. O gerente de tradição de cultura popular da Secretaria, André de Andrade, aguarda uma confirmação da Secretaria de Cultura do Estado sobre verba para subsidiar a apresentação dos grupos, para ajudar na compra de vestimentas, lanches e transporte, apoio necessário e incentivador.
Mas a reverência ao Dia de Reis é o mais importante dentro do projeto natural. A religiosidade popular da terra do Padre Cícero é o grande incentivo e esse fator se estende também para outras cidades da região, que cumprem o ritual de festa, entre o sagrado e o profano, pois nos grupos existem personagens que dão esse tom, mas dentro de uma dramatização que enfoca o sagrado como principal fundamento.
No Crato, os desfiles dos grupos começam no início da tarde, com trajetos pelas ruas e o encontro no fim da tarde na Praça da Sé. Segundo o folclorista Cacá Araújo, o Crato e o Cariri constituem território de resistência cultural em todas as frentes. Os mestres de reisado Aldenir de Aguiar e Mazé Luna são exemplos de dedicação e liderança na preservação e desenvolvimento das tradições.
CongoO Reisado Decolores Dedé de Luna do Muriti (Mestra Mazé Luna) e o Reisado do Mestre Aldenir são reisados de Congo. Esses dois tradicionalmente fazem suas apresentações tanto nas localidades de origem e também nas ruas.
Têm sua estrutura baseada na hierarquia social de uma corte, com Rei, Mestre e Contramestre ao centro, ladeados por duas fileiras de brincantes, compostas de Embaixador, Guia, Contraguia, Coice, Contracoice e Bandeirinhas (representados pelas crianças). Portam espadas e se vestem como guerreiros medievais. No Reis de Congo, o Boi é a principal figura. Com tudo isso, o Cariri reverencia o Dia de Reis. (ES)
Distinção"O reisado se apresenta com estrutura ou elementos distintos em todo o Estado do Ceará"
Cacá Araújo
Professor e folclorista
Juazeiro do Norte. Outro grupo raro no Cariri se encontra no Município de Potengi, no Sítio Sassaré, a 3 quilômetros da cidade. É o Reisado do Sassaré. O grupo também usa máscaras ou caretas, mas numa produção diferenciada.
Confeccionada em madeira e couro, os antepassados resistem ao tempo, por amor à cultura e a preservação de uma arte. Quando vem o chamado para o grupo se apresentar, começa todo um ritual de organização do material para seguir viagem, que resulta mesmo num grande divertimento. É a brincadeira se transferindo para outro terreiro.
São seis agricultores do Sítio Sassaré, mais os músicos e os personagens. Ao todo, são 12 personagens que eles conseguem formar. No entanto, conforme o formato anterior, seriam 12 caretas, além dos outros integrantes. A preocupação é pela permanência do grupo, mesmo com o número reduzido dos personagens.
Mestre Antônio Luiz de Sousa, de pequeno, que há mais de 23 anos conduz o grupo, deixava muitas vezes de dançar para escutar os chamamentos do mestre Raimundo Maximiniano. As músicas soavam ao seu ouvido como um aviso do destino. O menino só não aprendeu a fazer as máscaras.
A sua preocupação constante é de como fará para dar continuidade a um trabalho. A arte que atravessou décadas e, segundo o mestre, desde o seu bisavô tem notícia do envolvimento da família com o que ele chama de brincadeira.
A tradição nasceu no Município, na comunidade do Sítio Rosário. Lá se realizavam grandes espetáculos aos olhos dos visitantes até de outras cidades da região. Junto com o grupo, a lapinha da comunidade também chamava a atenção.
No grupo, personagens como o jaraguá, guriabá e a margarida estão ausentes, além dos caboclinhos. Há a presença do violeiro, que tem um papel importante nas apresentações.
Seu Francisco José de Amorim, um dos mais antigos na brincadeira, junto com o mestre, também tem a preocupação de juntar as roupas e incrementar os chapéus. Até para comprar os papéis coloridos para enfeitar as indumentárias é preciso buscar ajuda da comunidade. Todo esse movimento dá um tom especial e comunitário às brincadeiras. Chico percebe a importância de se valorizar os grupos de tradição. (ES)
MAIS INFORMAÇÕES
Prefeitura de Potengi
Diretoria de Cultura
culturapotengi@gmail.com
Telefone: (88) 3538.1225
CRATO E JUAZEIRO
Cortejo de grupos acontece até dia 6
Juazeiro do Norte. O cortejo dos grupos de tradição popular acontece tradicionalmente de 25 de dezembro até 6 de janeiro, Dia de Reis, um dos raros momentos de encontro dos integrantes nas ruas das cidades caririenses. Os brincantes mostram, no passo da resistência, a história que atravessa séculos.
Em Juazeiro do Norte, são cerca de 70 grupos que saem de bairros como o João Cabral, Pio XII e do Frei Damião. A maioria deles urbano. O encontrão acontece na Rua São Pedro, no Centro, mas um dos problemas ainda está relacionado a violência reservada a alguns grupos rivais. Os mestres estão sendo chamados à responsabilidade. O importante é ter uma festa bonita.
Segundo a Secretaria de Cultura deste Município, dentro desse caldeirão cultural, com lapinhas, bandas caçais, entre outros, são pelo menos 20 grupos de reisados. O bailado dos reis também recebe a cadência dos toques das bandas cabaçais.
As ruas se transformam num grande festejo. O gerente de tradição de cultura popular da Secretaria, André de Andrade, aguarda uma confirmação da Secretaria de Cultura do Estado sobre verba para subsidiar a apresentação dos grupos, para ajudar na compra de vestimentas, lanches e transporte, apoio necessário e incentivador.
Mas a reverência ao Dia de Reis é o mais importante dentro do projeto natural. A religiosidade popular da terra do Padre Cícero é o grande incentivo e esse fator se estende também para outras cidades da região, que cumprem o ritual de festa, entre o sagrado e o profano, pois nos grupos existem personagens que dão esse tom, mas dentro de uma dramatização que enfoca o sagrado como principal fundamento.
No Crato, os desfiles dos grupos começam no início da tarde, com trajetos pelas ruas e o encontro no fim da tarde na Praça da Sé. Segundo o folclorista Cacá Araújo, o Crato e o Cariri constituem território de resistência cultural em todas as frentes. Os mestres de reisado Aldenir de Aguiar e Mazé Luna são exemplos de dedicação e liderança na preservação e desenvolvimento das tradições.
CongoO Reisado Decolores Dedé de Luna do Muriti (Mestra Mazé Luna) e o Reisado do Mestre Aldenir são reisados de Congo. Esses dois tradicionalmente fazem suas apresentações tanto nas localidades de origem e também nas ruas.
Têm sua estrutura baseada na hierarquia social de uma corte, com Rei, Mestre e Contramestre ao centro, ladeados por duas fileiras de brincantes, compostas de Embaixador, Guia, Contraguia, Coice, Contracoice e Bandeirinhas (representados pelas crianças). Portam espadas e se vestem como guerreiros medievais. No Reis de Congo, o Boi é a principal figura. Com tudo isso, o Cariri reverencia o Dia de Reis. (ES)
Distinção"O reisado se apresenta com estrutura ou elementos distintos em todo o Estado do Ceará"
Cacá Araújo
Professor e folclorista
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