Domingo de Circo
Toda tua chegada nessa radiosa manhã de domingo embandeirada de infância. Solene e festivo circo armado no terreno baldio do meu coração.
As piruetas do palhaço são malabaristas alegrias na vertigem de não saber o que faço.
Rugem feras em meu sangue; cortam-me espadas de fogo.
Motos loucas de globo da morte, rufar de tambores nas entranhas, anúncio espanholado de espetáculo, fazem de tua chegada minha sorte.
Domingo redondo aberto picadeiro, ensolarado por tão forte ardor, me refunde queima alucina:
olhos vendados,
sem rede sobre o chão,
atiro-me do trapézio
em teu amor.
Do livro A Arte de Semear Estrelas, de Frei Betto.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Estúpidos e Inúteis (de Aston, Benin/África)

Estúpidos: Porque é inacreditável, mas verdadeiro.
É um absurdo de uma parte, e de outra.
Existem vendedores e compradores,
os que roubam, e os que pilham.
Vendedores: pessoas que vendem seus irmãos.
(Os brancos não vieram prender o homem negro
à força)

Foi, certamente, em colaboração com os nossos
próprios irmãos.
Nossos pais, nossas mães, reis, soldados,
guerreiros etc...etc

Eles colocaram todo o mundo num estado de inércia
física e moral.
Entorpecente.
Eles privaram as pessoas da capacidade de entregar e julgar.
Um espírito opressivo e pesado.

Imobilidade, dores, órfãos mortos, anciãos, desenraizamento,
destruição, roubos, estupros, crimes etc

Não podemos citar tudo.
Pode-se perdoar, mas não se pode esquecer.

Não se deve, em qualquer circunstância, vender um homem.
Vender um homem é se vender.
Porque não existe nenhuma diferença entre esse homem e vocês.
Todos vocês são criatura de Deus.

Inúteis: Todo esse cenário bem que muito serviu para alguns.
Mas isso de nada serviu.
Prestou serviço aos piratas, aos reis, aos chefes, aos soldados, aos
responsáveis e a outros.
Isso não foi útil, nem agradável, nem necessário.
Talvez tenha sido vantajoso, lucrativo, fecundo, frutuoso, eficaz etc.
Ajudou muito.
Muita gente se aproveitou.
Foi a base da evolução.
A base do desenvolvimento .
Tantas perdas na natureza e em vidas humanas.
Essa panóplia, que foi a base da evolução deveria ajudar a pensar
nos problemas dos homens.
As doenças, os órfãos, vítimas, conflitos, guerras e também nos
problemas da terra, nossa mãe.
A poluição, a desertificação.
É absolutamente contrário do que fez o homem.

Se o homem tivesse evoluído verdadeiramente
ele não deveria fabricar armas, bombas, máquinas de destruição,
criações diabólicas, arsenais nucleares.

Nem podemos citar tudo que o homem fez, e que não serve para nada.

Onde está nossa evolução?

Nós temos o olhar sobre as coisas que não são,
senão a vaidade das vaidades.
e desprezamos o homem que é ele, eles, ela, elas,
nós, vós e todos.
De onde, estúpidos e inúteis.

Autor: Aston, artista contemporâneo, copiado de visita que fiz ao Centro de Arte Helio Oiticica (RJ), em julho 2011 para vivenciar a Exposição “África Ancestral e Contemporânea – As Artes de Benin”. Veja mais no link http://visaocarioca.com.br/?p=16835

terça-feira, 2 de agosto de 2011

II Bienal Internacional de Poesia de Brasília - de 14 a 17/09 CANCELADA

Em comunicado lacônico, Comissão Organizadora cancela a II BIP. Veja no http://www.bipbrasilia.com/cancelamento.html. Governantes incompetentes e 100 alma!!!

BNB
Prédio da BNB


A II BIP acontecerá entre os dias 14 e 17 de setembro de 2011 e  terá como espaço principal o Conjunto Cultural da República, composto pelos prédios da Biblioteca Nacional de Brasília, do Museu Nacional e da praça do complexo.

O evento acontecerá ainda em outros pontos culturais do Distrito Federal como o Teatro Nacional, bibliotecas públicas, centros culturais, faculdades, estações do metrô, embaixadas, bares e cafés.

A poesia da II BIP também navegará nas águas do Lago Paranoá por meio da Barca Poética e o Ônibus Poético percorrerá os principais pontos turísticos de Brasília. 
Então, programe-se:
II Bienal Internacional de Poesia de Brasília,
de 14 a 17 de Setembro de 2011!
Museu Nacional
 Museu Nacional, foto de Ricardo Rodrigues
Mais detalhes em  http://www.bipbrasilia.com

Documentário "O veneno está na mesa'" de Silvio Tendler

Gente, aí o novo documentário de Silvio Tendler :

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POR UM BRASIL ECOLÓGICO,
LIVRE DE TRANSGÊNICOS E AGROTÓXICOS
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está disponível no youtube:

Abaixo, matéria que recebi por email.

boa leitura,

Jonas Banhos
mochileirotuxaua.blogspot.com
twitter @jonasbanhos

 
Car@s Amig@s,
 
A sessão de lançamento de O veneno está na mesa foi aclamada por cerca de 800 pessoas que lotaram o teatro Casa Grande, no Rio de Janeiro, na última segunda 25. O novo documentário do cineasta Silvio Tendler explora as mazelas humanas e ambientais decorrentes do fato de o Brasil ser o maior consumidor mundial de agrotóxicos.
 
Realizado com o apoio da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fiocruz, o filme recupera as origens da revolução verde para apresentar a lógica insustentável do modelo agrícola que deu ao país esse título difícil de ostentar. Aqui o destaque vai para grandes multinacionais da química, que viram na agricultura o mercado perfeito para substituir o uso bélico do agente laranja, napalm e outros.
 
A atualidade urgente do tema é retratada a partir de um recorte de reportagens exibidas recentemente em emissoras nacionais e regionais de TV e de rádio. Do Rio Grande do Sul ao Ceará, passando pelo Mato Grosso e Espírito Santo, o que se vê é que o discurso das safras recordes ou da sustentação da balança comercial não mais dá conta de esconder seu lado nefasto. Os principais especialistas em saúde ambiental e toxicologia trazem casos e dados dos prejuízos causados por um modelo de agricultura que não cresce sem agrotóxicos, e que hoje, em claros sinais de saturação, usa mais agrotóxicos do que cresce. Contudo, está no ar uma nova investida de marketing que diz que é esse “o Brasil que cresce forte e saudável”.
 
Mas a agricultura orgânica não daria conta de alimentar a população, dizem. Se a agricultura orgânica for entendida como aquela em que se tira a química e pronto, isto é fato, conforme resume Ana Maria Primavesi, referência mundial em manejo ecológico dos solos. Porém, se o solo for vivo e alimentado para sustentar grande diversidade de organismos, este produzirá plantas saudáveis, em quantidade, ao mesmo tempo que dispensará os agrotóxicos. A conclusão de Primavesi, que também é produtora, é confirmada na prática pelo depoimento do agricultor do interior paulista que tira 15 toneladas de alimentos por ano de cada um dos 20 hectares que cultiva sem venenos e adubos químicos. Do Rio Grande do Sul vem o exemplo do produtor familiar que recriou sua própria semente de milho crioulo após ter perdido as variedades tradicionais que cultivava, substituídas pelas híbridas.
 
Esse caminho cada vez mais confirma sua viabilidade. Faltam agora as políticas certas que farão crescer a agricultura que vai tirar o veneno da mesa.

Biblioteca no Pará ajuda a despertar em crianças o gosto pela leitura

A biblioteca móvel tira o livro das prateleiras e traz para a vida do dia a dia dos alunos, em uma parceria com o ‘Criança Esperança’.
O “Criança Esperança” atende a mais 20 mil crianças e adolescentes em 75 projetos sociais. É uma parceira da Rede Globo com a Unesco que está mudando muitas vidas pelo Brasil.
A biblioteca móvel é uma alternativa para jovens que trocam as ruas pelos livros. O encontro é na Pastoral do Menor, que cede duas vans para a equipe de voluntários da biblioteca. O projeto “Criança Esperança” ajuda com alimentação, material e combustível. Os funcionários carregam caixas de plásticos cheias de livros e ainda estantes, colchonetes, pufes e carpetes, tudo feito de material reciclado.
“Trouxemos os livros para vocês viajarem na imaginação e criar várias coisas”, disse um professor.
A professora Elisa Luciane de Andrade teve a ideia de criar a biblioteca dando aulas na pastoral, quando percebeu que várias crianças se interessavam por livros, mas era necessário aumentar o interesse. “Comecei a usar a arte para chamar a atenção deles. Começava a fazer eu mesma livros de pano”, conta a professora.
O personagem principal dessas histórias é o livro. A biblioteca móvel tira o livro das prateleiras e traz para a vida do dia a dia das crianças nas 15 áreas atendidas pelo projeto. Na comunidade de Açaizal, na periferia de Santarém, as famílias são descendentes dos índios Munduruku.
A biblioteca se divide entre um terreno com chão de terra batida e uma sala dentro da escola municipal. Junto com o livro, vem a contação de histórias para estimular a imaginação. Dona Baratinha é professora e conta sua história, que depois é recontada com desenhos pelas crianças.
“A contação de história vem fazer com que a criança aguce e tenha o interesse, porque ela passa a perceber as coisas, passa a perceber o livro o qual ela vai ter o interesse depois”, afirma a professora Ana Valdina Nogueira.
O livro pode ser útil para quem quiser conhecer o mundo que vai além dos limites do Açaizal. “Acho bom nós aprendermos a ler. Quem sabe um dia nós saímos para fora e a pessoa pede para ler alguma coisa. Se não souber ler, é difícil”, diz um menino.

Livreiro do Alemão cria "barracoteca" na favela


Enquanto traficantes do Comando Vermelho em fuga trocavam tiros com a polícia e soldados do Exército durante a ocupação dos complexos da Penha e do Alemão, em novembro de 2010, Otávio Júnior, 27, escrevia.

Sem poder sair de casa, finalizava "O Livreiro do Alemão" --seu ingresso no mundo dos escritores-- e preparava-se para instalar a primeira biblioteca do conjunto de 13 favelas na zona norte do Rio com quase 400 mil pessoas.

"Quando os confrontos eram muito acirrados, eu produzia muito. Escrevia enquanto as balas "comiam" para cima e pra baixo."

Biblioteca? Na verdade, trata-se da "Barracoteca Hans Christian Andersen" -corrige Otávio. O nome é uma homenagem ao escritor dinamarquês autor de contos como "A Pequena Sereia" e "A Roupa Nova do Rei".

O local --um antigo salão de forró-- no morro do Caracol, Complexo da Penha, funciona desde maio e será inaugurado oficialmente em 22 de agosto, dia do Folclore.

Parte dos livros é doação do Ministério da Cultura, o resto foi amealhado por Otávio durante os dez anos em que andou por todo o Complexo da Penha e do Alemão, com uma mala na mão, oferecendo livros emprestados aos moradores.

O investimento foi de R$ 7.000. Como não tinha nem a décima parte desse valor, a solução foi apelar a conhecidos e desconhecidos. "Passei o chapéu, mas passei o chapéu virtual", diz.

No blog Ler é 10 - Leia Favela (leredezleiafavela.blogspot.com), o jovem anunciou a barracoteca. Em três meses reuniu a quantia necessária.

Filho de pedreiro, chamou o pai para reformar o local.

Otávio narra em "O Livreiro do Alemão" (Panda Books) como seu amor à literatura se deu quase por acaso. Aos oito anos, saía de casa todo dia para ver as peladas no campo de terra da comunidade.

"Naquele dia, passei em frente a um lixão e havia uma caixa com brinquedos velhos e um livro", conta. "À tarde faltou luz e como não podíamos assistir a televisão preto e branco, lembrei do livro."

IMPACTO

O "impacto da literatura" mudou a vida do menino. A paixão cresceu a ponto de, no ensino médio, desenvolver um hábito: matar aula, tomar um ônibus, andar 20 km e ir para a biblioteca do Museu da República, no centro. "Chegava a ler dez livros por dia."

Era então um tempo difícil. A família enfrentava o alcoolismo do pai de Otávio.

"Minha mãe ficou louca quando descobriu. Porém, sabia que eu matava aula mas estava bem acompanhado."