Domingo de Circo
Toda tua chegada nessa radiosa manhã de domingo embandeirada de infância. Solene e festivo circo armado no terreno baldio do meu coração.
As piruetas do palhaço são malabaristas alegrias na vertigem de não saber o que faço.
Rugem feras em meu sangue; cortam-me espadas de fogo.
Motos loucas de globo da morte, rufar de tambores nas entranhas, anúncio espanholado de espetáculo, fazem de tua chegada minha sorte.
Domingo redondo aberto picadeiro, ensolarado por tão forte ardor, me refunde queima alucina:
olhos vendados,
sem rede sobre o chão,
atiro-me do trapézio
em teu amor.
Do livro A Arte de Semear Estrelas, de Frei Betto.

domingo, 30 de janeiro de 2011

CLÁSSICOS: Rigoberta Menchú - prêmio nobel da Paz


Rigoberta Menchú Tum (UspantánEl Quiché9 de janeiro de 1959) é uma indígena guatemalteca do grupo Quiché-Maia. Foi agraciada com o Nobel da Paz de 1992, pela sua campanha pelos direitos humanos, especialmente a favor dos povos indígenas, sendo Embaixadora da Boa-Vontade da UNESCOe vencedora do Prêmio Príncipe das Astúrias de Cooperação Internacional.



Biografia

Filha de Vicente Menchú Pérez e de Juana Tum Kótoja, duas personalidades bastante respeitadas em sua comunidade natal. Seu pai foi um ativista em defesa das terras e direitos indígenas e Juana, a mãe, uma parteira indígena, saber adquirido de geração em geração.
Em 12 de fevereiro de 2007 anunciou que postularia o cargo de Presidente nas Eleições gerais daquele ano. Tinha a esperança de ser a primeira mulher a ocupar o cargo máximo de seu país - e terceira indígena (depois do mexicano Benito Juárez e do boliviano Evo Morales, como o terceiro ganhador do Nobel a concorrer a uma Presidência (os dois outros foram o costa-riquenho Óscar Arias e o israelense Shimon Peres) - mas obteve apenas 2,7% dos votos.

[editar]Lutas e obra

O Nobel foi-lhe outorgado em reconhecimento aos seus trabalhos por justiça social e reconciliação étnico-cultural baseado no respeito aos direitos dos povos indígenas, coincidindo com o quinto centenário da chegada de Cristóvão Colombo à América, com a declaração de 1993 como Ano Internacional dos Povos Indígenas.
Na leitura do prêmio, reivindicou os direitos históricos negados aos povos indígenas e denunciou a perseguição sofrida desde a chegada dos europeus ao continente americano, momento em que destruiu uma civilização plenamente desenvolvida em todo os âmbitos do conhecimento; finalmente, refletiu pela necessidade de paz, desmilitarização e justiça social em seu país, assim como o respeito pela natureza e a igualdade para as mulheres.
Grande parte de sua popularidade adveio do livro auto-biográfico de 1982-83 "Me llamo Rigoberta Menchú y así me nació la conciencia (em inglês I, Rigoberta Menchú - numa versão literal: Me chamo Rigoberta Menchú e assim me nasceu a consciência). O livro foi, em verdade, escrito por Elisabeth Burgos, a partir de entrevistas com Rigoberta.
Neste livro, Rigoberta explica como iniciou a vida como trabalhadora numa plantação de café aos cinco anos de idade, em condições tão péssimas que foram a causa da morte de seus irmãos e amigos. Recebeu certa educação católica, o que a vincularia, mais tarde, a trabalhos junto à Igreja.
Já adulta, participou em manifestações de protesto contra o regime militar por seus abusos contra os direitos humanos. A Guerra Civil da Guatemala teve lugar entre 1962 e 1996, embora a violência tenha se iniciado antes daquela data. As ameaças forçaram-na ao exílio no México, em 1981. Neste mesmo ano seu pai foi assassinado na embaixada espanhola na cidade da Guatemala. Em 1991 participou da elaboração da Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas pela ONU.
Quando findou a guerra civil, intentou levar aos tribunais espanhóis políticos e militares que haviam assassinado cidadãos espanhóis, e por genocídio contra o povo Maia da Guatemala. As acusações incluíam o ditador ex-militar e candidato à Presidência Efraín Ríos Montt.
Em 1998 foi galardoada com o Prêmio Príncipe das Astúrias de Cooperação Internacional, junto a Fatiha BoudiafFatana Ishaq GailaniSomaly MamEmma BoninoGraça Machel e Olayinka Koso-Thomas "por su trabajo, por separado, en defensa y dignificación de la mujer".
Em 2006 participou, como Embaixadora da Boa-Vontade da UNESCO no governo de Óscar Berger.

Rigoberta Menchú escreveu o livro O Pote de Mel, sobre fábulas Maia, dirigido ao público infantil. É um livro que está no Plano Nacional de Leitura e é recomendado no programa de português do 6º ano de escolaridade, destinado a leitura orientada na sala de aula - Grau de Dificuldade II. Em O Pote de Mel,  Rigoberta Menchú Tum traz as  histórias que  sua Avó lhe contava, as histórias que seu Avô contava. "Conto-vo-las tal como me foram contadas. São histórias antigas, antigas como o mundo, para ouvir de noite, à volta da lareira, um momento antes de fechar os olhos e começar a sonhar."

[O+pote+de+mel+de+Rigoberta+Menchú.jpg]


[editar]Aspirações políticas

Rigoberta Menchú foi candidata à Presidência da Guatemala no partido político Encuentro por Guatemala (EG), de ideologia esquerdista, nas eleições gerais de 9 de setembro de 2007[1].
Para este projeto fez-se necessário o pacto entre o partido indígena criado por ela (WINAQ) e o EG, dirigido pela deputada e ativista humanitária Nineth Montenegro.
A III Cúpula Indígena Mundial, realizada no mês de março de 2007, decidiu não apoiar as aspirações políticas de Rigoberta, já que os indígenas não se sentiam representados por suas propostas [2].







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