mocinho ou bandido?
por Luciana Borges - 8 de março de 2012
Membros do grupo de hackers Anonymous em aparição nos Estados Unidos
Escondido por trás de uma máscara, o personagem de Hugo Weaving em "V de Vingança" arma todo um esquema para derrubar um governo totalitário, que chegou ao poder na Inglaterra através do medo da população. Agindo contra as leis, ele faz justiça com as próprias mãos e incute na sociedade a semente da indignação de quem também não queria continuar vivendo daquele jeito.
O diretor do documentário
+ JamesFrancoTV.com: conheça o site que traz fotos e vídeos experimentais de James FrancoNa vida real, a máscara de V, o vingador da ficção contada pelos irmãos Wachowski, também está sendo usada como símbolo de rebeldia. Ela se tornou marca do grupo de hackers que se auto-intitula Anonymous, e que se tornou famoso no mundo todo por seus ataques à instituições como forma de protesto ideológico. Entre os sites que já saíram do ar por causa deles estão o do FBI e as páginas de vários bancos brasileiros. E justamente por considerar o "hacktivismo" uma nova forma de manifestação cultural, o diretor Brian Knappenberger, de 41 anos, resolveu retratar a maneira como eles agem em um documentário com depoimentos que mostram a lógica de funcionamento desse "time".
Em "We Are Legion: The Story of the Hacktivists" alguns hackers integrantes do grupo chegam até a mostrar o rosto. A produção apresentada no Slamdance Festival, em Utah, em 2011, tem como mérito contar a história de uma manifestação que é absolutamente atual e que ganhou maior visibilidade após os protestos do Occupy Wall Street, em Nova York, apesar de já estar atuando há algum tempo.
Para Knappenberger, a maneira como o grupo age pode até não ser uma grande novidade, mas o momento histórico em que estamos faz com que seu poder de atuação seja amplificado e, por isso, o impacto de seus atos é maior. "O Anonymous é uma nova forma de cultura muito, muito poderosa. Muitas coisas não são novidade, hacking não é novidade, nem o hacktivismo. A desobediência civil tem uma longa tradição no mundo, mas se você combinar tudo isso com um número cada vez maior de pessoas online nos últimos dez anos, temos uma cultura nunca vista!", disse ele recentemente ao jornal "Folha de S. Paulo".
Pôster de divulgação do filme
ALÉM DA OCCUPY WALL STREETMesmo tendo recebido elogios de publicações como a revista americana "Wired", por exemplo, o filme não tem ainda garantia de distribuição e, portanto, não se sabe se algum dia chegará a ter seus 93 minutos exibidos no Brasil. Segundo o próprio diretor, muita gente em Hollywood que poderia ajudar o documentário a alcançar um público maior não quer se envolver. Até porque os polêmicos ataques do Anonymous continuam.
O mais recente deles, segundo o próprio grupo divulgou em nota na última quarta-feira (7), teria derrubado o site da Santa Sé, endereço oficial do Vaticano. A explicação para mais essa ação está publicada no blog oficial do Anonymous em italiano: "São retrógrados, um dos últimos bastiões de uma época felizmente ultrapassada", escreveu o grupo, que reforçou ainda que essa atitude não era uma manifestação contrária à religião cristã, mas uma represália à corrupta Igreja Católica.
Quem ficou curioso, vale dar uma olhada no trailer abaixo e também começar a tomar partido deste debate: o filme faz propaganda de ciberterroristas ou de anônimos que pedem por mais transparência nos governos?
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