Domingo de Circo
Toda tua chegada nessa radiosa manhã de domingo embandeirada de infância. Solene e festivo circo armado no terreno baldio do meu coração.
As piruetas do palhaço são malabaristas alegrias na vertigem de não saber o que faço.
Rugem feras em meu sangue; cortam-me espadas de fogo.
Motos loucas de globo da morte, rufar de tambores nas entranhas, anúncio espanholado de espetáculo, fazem de tua chegada minha sorte.
Domingo redondo aberto picadeiro, ensolarado por tão forte ardor, me refunde queima alucina:
olhos vendados,
sem rede sobre o chão,
atiro-me do trapézio
em teu amor.
Do livro A Arte de Semear Estrelas, de Frei Betto.
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
LIVRO: A Arte de Semear Estrelas - Frei Betto
"Ainda que um homem e uma mulher fiquem sem roupas, trancados num quarto, entregues às infinitas possibilidades do jogo erótico, não significa que estejam nus. Estão despidos. Nudez é outra coisa. É enfiar a faca até o cabo, arrebatar a lua com as mãos, destampar todos os recônditos da alma, os mais obscuros e ínfimos. Se nem suportamos ficar nus diante de nós mesmos, quanto mais diante dos outros!"
Este livro de Frei Betto, para Marco Luccchesi é "uma obra poética chocantemente límpida e apolínea. Obra de frases marcantes, em demanda de beleza, que a sua prosa poética realiza com inventividade e calor. Não tenho dúvidas de ser este o livro mais bonito de Frei Betto: meio diário, meio conto, meio poema e prosa, o que o torna plenamente contemporâneo na além-fronteira dos gêneros.
Vale o prazer de ler!!!
http://www.freibetto.org/index.php/livros/50-a-arte-de-semear-estrelas
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