Roberto Malvezzi (Gogó)
Hoje, quatro de Outubro, é dia de São Francisco. O santo dos pássaros, peixes, pobres, o primeiro ser humano que percebeu e leu a natureza como uma irmandade coesa e interdependente.
É o dia também que Américo Vespúcio, em 1501, ao fazer uma viagem de reconhecimento na costa brasileira, chegou à foz de um grande rio. O rio era chamado pelos nativos de Opará, o “rio-mar”.
Então, batizou o rio com o nome do santo.
Esses dias um livro de professores universitários, inclusive da Universidade do Vale do São Francisco (UNIVASF), falando da riqueza da biodiversidade da caatinga, fizeram um veredicto fatal sobre nosso rio: está condenado à morte.
Claro, dependerá se o modelo vigente continuará devastando o Velho Chico. Não há nada que indique o contrário, a não ser a luta miúda, mas organizada, de boa parte da população resistente da bacia.
Esses dias, D. Luis Cappio e um grupo de peregrinos vão até suas nascentes, celebrar os 20 anos de sua peregrinação ao longo do rio, de 1992 a 1993. Foi quando saiu a exclamação: “esse rio está morrendo, precisa ser revitalizado”.
O São Francisco, segundo estudos recentes, já correu para o Parnaíba. Por isso o delta do Parnaíba seria muito maior que o próprio delta do São Francisco. Mudanças geológicas teriam alterado o percurso do rio.
Quem sabe forças da vida consigam reverter e vencer as forças da morte que o destroem, mudando não seu percurso, mas seu destino.
Que São Francisco guarde o rio de seu nome.
http://www.brasildefato.com.br/node/10819
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