Domingo de Circo
Toda tua chegada nessa radiosa manhã de domingo embandeirada de infância. Solene e festivo circo armado no terreno baldio do meu coração.
As piruetas do palhaço são malabaristas alegrias na vertigem de não saber o que faço.
Rugem feras em meu sangue; cortam-me espadas de fogo.
Motos loucas de globo da morte, rufar de tambores nas entranhas, anúncio espanholado de espetáculo, fazem de tua chegada minha sorte.
Domingo redondo aberto picadeiro, ensolarado por tão forte ardor, me refunde queima alucina:
olhos vendados,
sem rede sobre o chão,
atiro-me do trapézio
em teu amor.
Do livro A Arte de Semear Estrelas, de Frei Betto.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

1.011 livros para baixar grátis


DICA VALIOSA:

Férias chegando, e muitas vezes não conseguimos comprar (ou ganhar de Natal) livros suficientes para ler nesse período.

A "Universia Brasil" oferece uma seleção com 1.011 livros para baixar grátis.
A seleção conta com livros acadêmicos, clássicos da literatura mundial e grandes nomes da literatura nacional, portuguesa, inglesa e alemã. Entre eles encontram, se Victor Hugo, Miguel de Cervantes, Franz Kafka e, claro, Machado de Assis, Eça de Queirós, Fernando Pessoa ,  Olavo Bilac, e até Jane Austen.

Sei que a preferencia da maioria é por livros de papel, mas como nem todos tem acesso fácil ou uma situação financeira que permita comprar todos os livros que gostaria de ler, acho essa uma solução válida e interessante. 

Para quem se interessar em baixar os livros, esse é o link: 
http://noticias.universia.com.br/tempo-livre/noticia/2012/10/29/977981/mais-1-000-livros-baixar-gratis-no-dia-nacional-do-livro.html
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Sei que a preferencia da maioria é por livros de papel, mas como nem todos tem acesso fácil ou uma situação financeira que permita comprar todos os livros que gostaria de ler, acho essa uma solução válida e interessante.

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Baixe grátis livro "Homem-massa: A filosofia de Ortega y Gasset

Jéferson Assumção lançou seu livro "Homem-massa: A filosofia de Ortega y Gasset e sua crítica à cultura massificada".  O livro foi publicado pela Bestiário e Fundación Ortega y Gasset, sob licença creative commons, que pode ser baixado gratuitamente em 
 
 

domingo, 23 de dezembro de 2012

Cultura negra em tempos pós-modernos

Livro: Cultura negra em tempos pós-modernos
De Marco Aurélio Luz

LINK PARA DOWNLOAD: http://sdrv.ms/RcIczz


... Nessa terceira edição observamos a continuidade do “esprit du temps” o espírito do tempo como disse Michel Maffesoli, em direção pendular à pós modernidade. Percebemos que algumas crises da era moderna resultantes do imperialismo estão mais à mostra como a destruição da natureza, as guerras sem fim, a acumulação incessante de capital resultante das explorações e
expropriações, a continuidade dos Estados totalizantes e europocêntricos...
Ao mesmo tempo, porém, que há reações de diversos matizes,sopram ventos de novas idéias de tentativas de regeneração do planeta em novas bases de valores pós- modernos. Dentre elas a preservação da natureza e uma nova
ética de respeito ao direito a existência de todos os povos,...
Acrescentamos nessa edição novos capítulos abordando de modo mais direto aspectos da pós modernidade em nossa terra, em especial no que se refere à cultura africano – brasileira.
O primeiro capítulo a abrir o livro,trata de uma viagem pelo imaginário brasileiro tomando como referencia o conflito de valores de civilizações diferentes. O célebre encontro ou desencontro original de Paraguaçu com Diogo Álvares o Caramuru, apresentados no imaginário ideológico como uma metáfora do surgimento de nossa nação em terras da Bahia.Todavia nessa
viagem destacamos aspectos do processo histórico de afirmação existencial da comunalidade africano brasileira.
Outro capítulo “Idi Nla, Bunda Grande, Grande Nbunda” se refere às
dificuldades de convivência com a alteridade dos povos constituintes da humanidade a partir do imaginário que alimenta o racismo. Tem como referência o triste episódio ocorrido no fim do séc.XIX até os dias atuais, da chamada “Venus Hotentote”, e procura aprofundar a elaboração da fonte do recalque que levou franceses e outros europeus a cometerem a ignomínia só
retratada recentemente em 2002.
Cultura Negra - 3ª edição 2008.

CONHEÇA OUTROS TÍTULOS PARA DOWNLOAD NO ÁLBUM "Identidade Africana: Acesso a Informação", acesse: http://www.facebook.com/media/set/?set=a.400244633373021.99039.278535572210595&type=1
Livro: Cultura negra em tempos pós-modernos
De Marco Aurélio Luz

LINK PARA DOWNLOAD: http://sdrv.ms/RcIczz

Nessa terceira edição observamos a continuidade do “esprit du temps” o espírito do tempo como disse Michel Maffesoli, em direção pendular à pós modernidade. Percebemos que algumas crises da era moderna resultantes do imperialismo estão mais à mostra como a destruição da natureza, as guerras sem fim, a acumulação incessante de capital resultante das explorações e
expropriações, a continuidade dos Estados totalizantes e europocêntricos...
Ao mesmo tempo, porém, que há reações de diversos matizes,sopram ventos de novas idéias de tentativas de regeneração do planeta em novas bases de valores pós- modernos. Dentre elas a preservação da natureza e uma nova
ética de respeito ao direito a existência de todos os povos,...
Acrescentamos nessa edição novos capítulos abordando de modo mais direto aspectos da pós modernidade em nossa terra, em especial no que se refere à cultura africano – brasileira.
O primeiro capítulo a abrir o livro,trata de uma viagem pelo imaginário brasileiro tomando como referencia o conflito de valores de civilizações diferentes. O célebre encontro ou desencontro original de Paraguaçu com Diogo Álvares o Caramuru, apresentados no imaginário ideológico como uma metáfora do surgimento de nossa nação em terras da  Bahia.Todavia nessa
viagem destacamos aspectos do processo histórico de afirmação existencial da comunalidade africano brasileira.
Outro capítulo “Idi Nla, Bunda Grande, Grande Nbunda” se refere às
dificuldades de convivência com a alteridade dos povos constituintes da humanidade a partir do imaginário que alimenta o racismo. Tem como referência o triste episódio ocorrido no fim do séc.XIX até os dias atuais, da chamada “Venus Hotentote”, e procura aprofundar a elaboração da fonte do recalque que levou franceses e outros europeus a cometerem a ignomínia só
retratada recentemente em 2002.
Cultura Negra - 3ª edição 2008.

CONHEÇA OUTROS TÍTULOS PARA DOWNLOAD NO ÁLBUM "Identidade Africana: Acesso a Informação", acesse: http://www.facebook.com/media/set/?set=a.400244633373021.99039.278535572210595&type=1




“Projeto Mestre Abdias e a Tecelagem do Pano da Costa”

LINK PARA DOWNLOAD: http://sdrv.ms/WGWeMV


O “Projeto Mestre Abdias e a Tecelagem do Pano da Costa” elaborado no ano de 1984 pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia - IPAC, foi inspirado nos princípios básicos da documentação, divulgação, preservação e produção dos bens tangíveis e intangíveis.
Baseando-se nos princípios supracitados, ainda no ano de 1984, foi instalado no Terreiro de Candomblé Ilê Axé Opô Afonjá – localizado no bairro de São Gonçalo do Retiro, em Salvador – o primeiro curso dedicado ao Pano da Costa, sob
a coordenação de Mestre Abdias do Sacramento Nobre, auxiliado pela sua filha Maria de Lourdes Nobre (Lourdinha), ambos funcionários do IPAC, na época, detentores do conhecimento na elaboração do Pano da Costa.
Após a elaboração das diretrizes do projeto, algumas estratégias básicas foram delineadas para que seus objetivos fossem alcançados. Inicialmente, promover um curso sobre a tecelagem. Em seguida, documentar todo o processo da técnica artesanal da tecelagem, através de fotografias e gravação de todas as fases
do curso ministrado pelos dois artesãos. Reunir dados sobre o Pano da Costa, identificando a relação existente entre este e o Candomblé, dados bibliográficos e informações sobre Mestre Abdias, através de artigos, recortes de jornais, revistas e depoimentos, de modo a reconstruir a sua vida e, finalmente, divulgar os trabalhos mais representativos, bem como o produto da pesquisa desenvolvida durante o processo do curso, através de uma exposição didática itinerante.
No segundo semestre de 1986, foi realizado o curso no Ilê Axé Opô Afonjá, com a participação efetiva de 18 pessoas vinculadas ao Terreiro, quando todo o curso foi documentado através de fotografias e várias gravações.

No ano seguinte, foi montada a exposição Pano da Costa, realizada no Museu Abelardo Rodrigues, quando a coordenação de pesquisa do IPAC participou diretamente com duas contribuições: texto explicativo sobre a importância histórica do Pano da Costa e um trabalho ilustrativo mostrando um tear com todas as suas
partes de funcionamento.
Neste mesmo ano, o IPAC produz um texto intitulado A Presença do Pano da Costa na Bahia, com a participação do sociólogo Jorge da Silva Maurício, da designer Goya Lopes e da artesã Maria de Lourdes Nobre – sendo as duas últimas responsáveis pelo trabalho ilustrativo e de elaboração do texto dedicado ao Pano da Costa em todas as suas fases de criação.
Além do trabalho técnico minunciosamente ilustrado, esse texto apresenta um capítulo dedicado ao curso ministrado no Terreiro por Mestre Abdias e sua filha.

Em 2009, o IPAC volta ao tema Pano da Costa, visando uma publicação especial oferecendo ao público um trabalho mais amplo, revendo e acrescentando novos capítulos em relação ao texto anteriormente elaborado, dando um novo formato, porém mantém
na sua originalidade o texto em que a técnica de elaboração do Pano da Costa é descrita por Maria de Lourdes, com ilustrações feitas por Goya Lopes, contribuindo para a manutenção e atualidade de uma sabedoria secular e tão bem representada pelo
Mestre Abdias do Sacramento Nobre.
Finalizando, vale salientar a importância e preocupação do IPAC na publicação deste trabalho, tão rico em detalhes, com novas pesquisas sobre o tema, em defesa da preservação dos bens tangíveis e intangíveis presentes no Brasil. A publicação é enriquecida quando mostra dois Terreiros de Candomblé, o Ilê Axé Opô Afonjá e o São Jorge Filho da Goméia, oferecendo regularmente oficinas dedicadas à criação do Pano da Costa.

CONHEÇA OUTROS TÍTULOS PARA DOWNLOAD NO ÁLBUM "Identidade Africana: Acesso a Informação", acesse: http://www.facebook.com/media/set/?set=a.400244633373021.99039.278535572210595&type=1
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Infância afrodescendente: epistemologia crítica no ensino fundamental

Livro: Infância afrodescendente: epistemologia crítica no ensino fundamental
De Ana Katia Alves dos Santos

LINK PARA DOWNLOAD: http://sdrv.ms/UZaBXO


Essa obra oferece uma importante contribuição para a construção de políticas de educação... que atendem à pluralidade étnicoracial deste país. A partir da discussão sobre as concepções de infância, a autora chega a uma etnografia crítica da prática escolar no ensino fundamental, na qual, de forma didática e com base no referencial cultural afro-brasileiro,apresenta os princípios fundadores da infância afrodescendente.

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O poder dos Candomblés - perseguição e resistência no recôncavo da Bahia

Livro: O poder dos Candomblés - perseguição e resistência no recôncavo da Bahia
De Edmar Ferreira Santos

LINK PARA DOWNLOAD: http://sdrv.ms/UZgtAn


Nos tempos atuais de crescente visibilidade pública dos candomblés, dos seus registros no...s livros de tombo e da retórica de preservação dos patrimônios culturais afro-brasileiros, não resulta supérfluo lançar um olhar atento para um passado não tão remoto em que tais práticas de matriz africana eram ora silenciadas, ora perseguidas e depreciadas porquanto identificadas com atraso e desvio dos modelos civilizatórios europeus. Se esse olhar retrospectivo resulta salutar ao constatar o quanto se avançou, ele também nos alerta para o quanto ainda se precisa avançar, pois os discursos da intolerância religiosa de ontem se alastram até hoje, embora em novos púlpitos, com os mesmos efeitos perniciosos. Nesse sentido, o livro de Edmar Ferreira Santos atinge uma meta que qualquer pesquisa em história social pode almejar: a de nos permitir compreender em detalhe a complexidade do passado para, através dele, iluminar os paradoxos do presente (trecho retirado do Prefácio do livro).

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O poder da cultura e a cultura no poder - a disputa simbólica da herança cultural negra no Brasil

Livro: O poder da cultura e a cultura no poder - a disputa simbólica da herança cultural negra no Brasil
De Jocélio Teles dos Santos

LINK PARA DOWNLOAD: http://sdrv.ms/U4RACe

Os textos reunidos nessa coletânea visam contribuir para ampl...iar as possibilidades de discussão sobre a história do urbanismo nessas décadas cruciais em que as cidades sul-americanas conhecem expressivas taxas de crescimento, o agravamento dos problemas urbanos e a busca, em várias frentes e de diferentes maneiras, de soluções para enfrentá-los. A partir de perspectivas diversas, eles buscam aproximar diferentes experiências nacionais, explorar singularidades, rastrear o surgimento de redes profissionais, mapear discussões, identificar enfim caminhos e descaminhos da construção de uma cultura urbanística no âmbito continental.

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Livro "África à vista" - baixe grátis

Livro: África à vista - dez estudos sobre o português escrito por africanos no Brasil do século XIX 
Org.: Tânia Lobo e Klebson Oliveira 

LINK PARA DOWNLOAD: http://sdrv.ms/Tf4Cjk

A formação histórica do português brasileiro deu-se em complexo contexto de contato entre línguas. Dentre as diversas situações de contato havidas, a do português com línguas africanas assume maior relevância por ter sido generalizada no tempo e no espaço. Africanos e afro-descendentes, no período que se estende do século XVII ao século XIX, correspondem juntos a cerca de 60% da população brasileira (cf. MUSSA, 1991). Contudo, a escrita da história lingüística deste que é o mais expressivo segmento formador da população brasileira era tarefa que se colocava no plano de uma reconstrução quase que exclusivamente a partir de 'indícios', uma tarefa não para historiadores, mas para arqueólogos da língua portuguesa (cf. MATTOS E SILVA, 2002) (trecho retirado da Introdução do livro).

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 Org.: Tânia Lobo e Klebson Oliveira

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A formação histórica do português brasileiro deu-se em complexo contexto de contato entre línguas. Dentre as diversas situações de contato havidas, a do português com línguas africanas assume maior relevância por ter sido generalizada no tempo e no espaço. Africanos e afro-descendentes, no período que se estende do século XVII ao século XIX, correspondem juntos a cerca de 60% da população brasileira (cf. MUSSA, 1991). Contudo, a escrita da história lingüística deste que é o mais expressivo segmento formador da população brasileira era tarefa que se colocava no plano de uma reconstrução quase que exclusivamente a partir de 'indícios', uma tarefa não para historiadores, mas para arqueólogos da língua portuguesa (cf. MATTOS E SILVA, 2002) (trecho retirado da Introdução do livro).

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WebRádios da Mãe África


É maravilhoso ouvir as músicas da África. Acesse as webrádios da África pelos links abaixo e boa música:

100% GABÃO (LIBREVILLE):


100% AFRICA: WEB RADIO AFRICA Nº 1 (CORRESPONDÊNCIA DIRETO DE PARIS, FRANÇA) http://www.africa1.com/spip.php?page=radio_africa1-paris

Atenção educadores: ouçam o belo discurso do Cacique Lazaro Kiriri




Discurso do Cacique Lazaro Kiri, na aldeia Mirandela, município Banzaê, norte da Bahia, em 11 de novembro de 2012, durante a Festa da Reconquista do Território Indígena Kiriri, com aproximadamente 12 mil hectares, ocorrido em 1979. Cacique Lazaro fala da importÂncia da reconquista do território indigena para o seu povo e para o Brasil e dá uma bela lição aos educadores do Brasil.
O registro foi feito por Jonas Banhos, que esteve na Aldeia Cantagalo incentivando a leitura com a Biblioteca Itinerante Barca das Letras(http://barcadasletras.blogspot.com.br/), a convite do coordenador do "Grupo Jovens Indígenas Kiriri Descobrindo e Redescobrindo Nossa História, Dernival Kiriri, da Aldeia Cantagalo.

Jonas Banhos (facebook)
(61) 8167 1254
http://barcadasletras.blogspot.com.br/
http://mochileirotuxaua.blogspot.com.br/

Cartilha: Heróis Negros do Brasil - Bahia, 1798, A Revolta de Búzius

Cartilha: Heróis Negros do Brasil - Bahia, 1798, A Revolta de Búzius
Governo da Bahia

LINK PARA DOWNLOAD: http://sdrv.ms/UZ4ind

João de Deus, Lucas Dantas, Manoel Faustino e Luis das Virgens foram os heróis e mártires da Revolta dos Búzios,
ocorrida no dia 12 de agosto, há 211 anos, na capital baiana. Os quatro acima citados foram presos entre 12 e 25 de
agosto de 1798 e enforcados na Praça da Piedade no dia 07 de novembro de 1799.

A Revolta dos Búzios, também conhecida como Revolta dos Alfaiates, Inconfidência/Conjuração Baiana ou Revolta das Argolinhas, é classificada pelos historiadores como um importante movimento emancipacionista de caráter popular. Baseados nos ideais da Revolução Francesa de liberdade, igualdade e fraternidade, os revolucionários pregavam a independência do Brasil, ideias republicanas e de direitos iguais para todos os habitantes do país. Na Bahia Colonial viviam milhões de africanos e
seus descendentes, a maioria esmagadora, sem quaisquer direitos humanos respeitados, sem direito a ir e vir livremente, sem liberdade de expressão ou crença, sem direito de reunir-se.

O legado da Revolta dos Búzios, assim como de outras revoltas organizadas e levadas adiante por africanos, negros livres, forros e libertos é, indiscutivelmente, o da liberdade, ainda que na diáspora forçada. A inspiração que nos deixaram é a coragem para lutar mesmo que tudo esteja contra as nossas aspirações. Somos descendentes de revolucionários e não temos o direito de nos esquecer disso. Vivemos sobre um chão em que correu o sangue derramado em revoltas, que, sem dúvida alguma, contribuíram para que o Brasil se libertas se de Portugal. Em nosso país ser negro ou negra também é ter a consciência de que muitos morreram para que se esteja vivo e livre.

O Boletim dos Revolucionários pregava ideias que
nos são caras, mas ainda não conseguimos estender a todos e todas nesse país: dizia um dos panfletos dos revoltosos dos Búzios: “está para chegar o tempo feliz da nossa liberdade, tempo em que todos seremos irmãos, tempo em que todos seremos iguais”.
Em nome deste legado de coragem e persistência, ao custo da própria vida, é que apresentamos esta proposição que inscreve João de Deus, Lucas Dantas, Manoel Faustino e Luis das Virgens no “Livro dos Heróis da Pátria”.

CONHEÇA OUTROS TÍTULOS PARA DOWNLOAD NO ÁLBUM "Identidade Africana: Acesso a Informação", acesse: http://www.facebook.com/media/set/?set=a.400244633373021.99039.278535572210595&type=1
 

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 João de Deus, Lucas Dantas, Manoel Faustino e Luis das Virgens foram os heróis e mártires da Revolta dos Búzios,
ocorrida no dia 12 de agosto, há 211 anos, na capital baiana. Os quatro acima citados foram presos entre 12 e 25 de
agosto de 1798 e enforcados na Praça da Piedade no dia 07 de novembro de 1799.

A Revolta dos Búzios, também conhecida como Revolta dos Alfaiates, Inconfidência/Conjuração Baiana ou Revolta das Argolinhas, é classificada pelos historiadores como um importante movimento emancipacionista de caráter popular. Baseados nos ideais da Revolução Francesa de liberdade, igualdade e fraternidade, os revolucionários pregavam a independência do Brasil, ideias republicanas e de direitos iguais para todos os habitantes do país. Na Bahia Colonial viviam milhões de africanos e
seus descendentes, a maioria esmagadora, sem quaisquer direitos humanos respeitados, sem direito a ir e vir livremente, sem liberdade de expressão ou crença, sem direito de reunir-se.

O legado da Revolta dos Búzios, assim como de outras revoltas organizadas e levadas adiante por africanos, negros livres, forros e libertos é, indiscutivelmente, o da liberdade, ainda que na diáspora forçada. A inspiração que nos deixaram é a coragem para lutar mesmo que tudo esteja contra as nossas aspirações. Somos descendentes de revolucionários e não temos o direito de nos esquecer disso. Vivemos sobre um chão em que correu o sangue derramado em revoltas, que, sem dúvida alguma, contribuíram para que o Brasil se libertas se de Portugal. Em nosso país ser negro ou negra também é ter a consciência de que muitos morreram para que se esteja vivo e livre.

O Boletim dos Revolucionários pregava ideias que
nos são caras, mas ainda não conseguimos estender a todos e todas nesse país: dizia um dos panfletos dos revoltosos dos Búzios: “está para chegar o tempo feliz da nossa liberdade, tempo em que todos seremos irmãos, tempo em que todos seremos iguais”.
Em nome deste legado de coragem e persistência, ao custo da própria vida, é que apresentamos esta proposição que inscreve João de Deus, Lucas Dantas, Manoel Faustino e Luis das Virgens no “Livro dos Heróis da Pátria”.
 
CONHEÇA OUTROS TÍTULOS PARA DOWNLOAD NO ÁLBUM "Identidade Africana: Acesso a Informação", acesse: http://www.facebook.com/media/set/?set=a.400244633373021.99039.278535572210595&type=1

sábado, 22 de dezembro de 2012

Jackson do Pandeiro = Documentário raro parte 2








Educar é empoderar pessoas para expandir suas liberdades


O que tem sido pensado e realizado nesta área, quem tem feito a diferença e por que é importante falar sobre ações que inovam e renovam a educação no Brasil e no mundo? Uma equipe multidisciplinar se reuniu em busca dessas respostas e apresenta agora o Porvir, um canal aberto e à disposição de quem se preocupa em melhorar a educação brasileira.

Reimers é venezuelano radicado nos EUA, professor de educação internacional e diretor de educação global e política de educação internacional na Universidade de Harvard. Suas pesquisas têm como foco as inovações em educação e seus impactos em políticas educacionais, qualificação de professores, formação para a liderança e a cidadania, desenvolvimento de competências e habilidades avançadas. Não por acaso, Reimers foi escolhido para estar na matéria de destaque do lançamento deste site. Além de especialista no assunto, ele também aceitou o convite para ser conselheiro editorial do Porvir. Em entrevista concedida à equipe, o especialista conceitua inovação em educação, cita exemplos e mostra o poder transformador dessas iniciativas.
crédito Harvard UniversityFernando Reimers fala sobre inovação em educação

O que você entende por inovação? E o que é inovar em educação?
Na origem, a palavra inovação é entendida como novos jeitos de se fazer algo. Mas o que seria isso em se tratando de educação? Para mim, educação significa empoderar indivíduos para que possam expandir suas liberdades e se tornar membros mais efetivos nas várias comunidades das quais fazem parte. Esse é o papel da educação. E inovar em educação é justamente encontrar formas mais efetivas de empoderar esses indivíduos.

Você pode dar exemplos de iniciativas que encontraram essas formas mais efetivas de empoderar os indivíduos?
Ser mais efetivo pode significar atender um grupo ainda atendido. Hoje, no curso que ministro sobre inovação em educação, conversamos com criadores de projetos que ilustram bem essa ideia. Um deles é uma plataforma on-line, You Visit, que permite que estudantes visitem virtualmente universidades nas quais têm interesse de estudar e tenham acesso à informações necessárias para fazer suas escolhas. Nem todos os estudantes têm dinheiro ou tempo para fazer essas visitas fisicamente. E por que não fazê-las on-line? A plataforma serve às universidades, que atingem outros estudantes e podem aumentar seu número de inscritos. Atende aos professores, que não têm tempo para orientar todos os alunos que os procuram. E, por fim, serve a um número grande de estudantes que não teria acesso a essas universidades no formato tradicional. Cerca de 60% dos estudantes que visitam esse site são de baixa renda. Ou seja, a plataforma está falando com um grupo que não era servido antes.

A inovação precisa ser sempre uma ruptura?
Algumas inovações podem ser disruptivas e transformar completamente a forma como fazemos certas coisas. Já outras podem melhorar e aprimorar “o jogo”, como é o caso do Roads to Reading, uma organização sem fins lucrativos que fornece livros para bibliotecas de escolas carentes.
Temos discutido como podemos educar os alunos para que eles aprendam por si mesmos
A beleza do projeto é que eles acharam uma metodologia de financiamento que os ajudou a crescer muito e rapidamente, chegando a US$ 45 milhões de dólares em doações. Levar bibliotecas para escolas não é inovador, mas criar uma forma de financiamento que potencialize a chegada desses livros nas escolas e, consequentemente, sirva a um maior número de crianças que não eram servidas, isso é inovador.

Como podemos inovar em educação? Estamos falando de metodologia? Ferramentas? Competências para ensinar?
Podemos inovar em todas essas frentes. Podemos inovar, por exemplo, no propósito. Aqui em Harvard, organizamos recentemente um encontro para saber o que devemos ensinar nas escolas. Acreditamos que, em geral, as escolas desenvolvem apenas as competências acadêmicas. Não há um trabalho voltado ao desenvolvimento de outras habilidades, tão fundamentais para que os alunos se tornem indivíduos independentes e atuem em suas comunidades. Faltam propostas para desenvolver o que chamamos de capacidades sociopsicológicas, como resiliência, perseverança, empatia, habilidade para trabalhar em grupo e aprender com os seus erros, entre outros.
Também podemos inovar nos currículos. Temos discutido como podemos educar os alunos para que eles aprendam por si mesmos. Uma das ideias que colocamos em prática é a do Laboratório de Inovações, um espaço para que estudantes de diferentes cursos se encontrem e desenvolvam juntos soluções para problemas relevantes. Enfim, podemos inovar com educação on-line, por meio de esportes, alterando a estrutura física de uma escola e até na forma como financiamos um projeto.

Quem são os principais atores da sociedade que estão inovando em educação?
A maior parte das inovações acontece quando você reúne pessoas que pensam de forma diferente sobre a causa e a solução de um mesmo problema. Mas isso não é algo fácil de se fazer no dia-a-dia, porque geralmente nos agrupamos por disciplinas, áreas de interesse, visão de mundo, preconceitos. Isso limita nossa capacidade de sermos criativos e inventivos.
Tenho menos chances de inovar aqui [Harvard] do que se estivesse em uma universidade on-line
Outro fator importante é atrair o grupo certo de pessoas, já que nem todos têm o desejo ou a disposição para serem criativos e solucionar problemas. Mesmo que o contexto seja favorável, é preciso que as pessoas tenham essa predisposição.
Um terceiro ponto diz respeito à criação de um contexto que reconheça esse desejo e ajude a modelar esses encontros, para que seja possível inovar, como é o caso do laboratório de inovação. Alguns autores dizem que existem cidades extremamente criativas porque, de alguma forma, elas atraíram e reuniram pessoas de múltiplas disciplinaridades e com o mesmo desejo de inovar.

Onde estão as pessoas que mais inovam? Na área de tecnologia? Nas empresas?
O que sabemos é que a inovação acontece mais facilmente na periferia. É muito difícil inovar em núcleos de forte tradição, onde já existe um reconhecimento, uma expectativa e a pressão de vários grupos de interesse. Na periferia, fica muito mais fácil. Eu, por exemplo, trabalho numa universidade reconhecida, onde os alunos chegam naturalmente, independentemente de eu estar ensinando bem ou mal, e onde existem muitos recursos. Tenho menos chances de inovar aqui do que se estivesse em uma universidade on-line, tentando construir credibilidade, atrair alunos, pensar novos formatos de aula.
E como confirmar que algo é realmente inovador?
Acredito que algumas das perguntas que devem ser feitas são: Qual o propósito do projeto? O que está tentando fazer? O que existe de novo nessa abordagem? Qual o impacto que ele pode causar? Vivemos em um tempo cujas métricas e resultados são muito enfatizados e podem matar uma inovação no seu início. E o propósito das inovações é expandir esse conceito. Avaliar um projeto inovador dentro dessas métricas pode não trazer resultados positivos. Claro que avaliar é importante, mas precisamos primeiro saber se estamos usando a métrica correta e se estamos avaliando no tempo certo, ou se estamos fazendo isso com a ferramenta errada e de forma prematura.

http://porvir.org/porpessoas/fernando-reimers/20120428

Jackson do Pandeiro = Documentário rarte 1


O Rei e O Palhaço de Antonio Nóbrega no Sr Brasil 13/10/2011


terça-feira, 20 de novembro de 2012

Há 317 anos, morreu Zumbi dos Palmares

O negro Zumbi foi o último chefe da Primeira República verdadeiramente livre das Américas que representa a bravura do povo negro e o símbolo de resistência contra a escravidão. Com apenas 20 anos, foi grande estrategista militar e guerreiro, defendendo o quilombo dos Palmares na luta contra os soldados portugueses. Em 20 de novembro de 1695, depois de ser traído por um companheiro, foi preso pelas tropas potuguesas, morto e esquartejado.

Ouça aí o áudio apresentado por José Carlos Andrade:
 
http://radioagencianacional.ebc.com.br/materia/2012-11-20/h%C3%A1-317-anos-morreu-zumbi-dos-palmares#.UKtTAuJqwgc.twitter

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Interesses do agronegócio exterminam tribos inteiras. Governo cala.

Ninguém no governo federal ousa enfrentar os interesses do agronegócio que exterminam tribos inteiras
Por Gabriel Brito
“Os índios guaranis vivem situação de extermínio silencioso. Ninguém no governo federal ousa enfrentar os interesses do agronegócio no estado comandado pelo governador do PMDB André Puccinelli, enquanto que a mídia mostra sua total insensibilidade”. A opinião sobre as populações indígenas no Mato Grosso do Sul é de Marta Azevedo, professora do Núcleo de Estudos da População (NEPO) da Unicamp em entrevista a Gabriel Brito e publicado pelo Correio da Cidadania.
Eis a entrevista:
Qual a situação real dos índios Guarani Kaiowá em todo o estado do Mato Grosso do Sul? Em que condições psicológicas os indígenas se encontram, com suas alarmantes taxas de suicídio, que envolvem até crianças?
A situação dos guaranis no Mato Grosso do Sul é muito complicada, pois há muitos anos eles vêm lutando para demarcar novas áreas, conseguindo muito menos que o necessário para sua sobrevivência. O MS é um estado bastante agrário, com muitas fazendas, o agronegócio; portanto, são interesses muito fortes, os quais os índios e a FUNAI não têm enfrentado a contento para melhorar a qualidade de vida na região.
Eles, de fato, têm registrado altas taxas de suicídio, saída praticada por conta da falta de perspectiva de vida dos últimos 15, 20 anos. Ninguém sabe ao certo, de forma muito detalhada, como andam essas taxas de suicídio. A Funasa (Fundação Nacional de Saúde) diz que elas estariam baixando, mas eu não teria essa certeza. Precisaríamos checar com os dados do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), que é quem acompanha há muitos anos tais estatísticas e é a fonte mais confiável.
Outra coisa que acontece ultimamente, e que nos alarma mais ainda, é uma grave subnutrição entre as crianças, que têm extrema dependência de cestas básicas da Funasa. E a taxa de mortalidade infantil também está alta. Enfim, é toda uma situação realmente muito ruim, inclusive para o país. Mas o que nos assusta é a enorme violência que vem sendo praticada contra as comunidades que lutam pelas suas áreas tradicionais na forma de assassinatos e esquartejamentos.
Após as mortes, os corpos são encontrados dentro de sacos de lixo, em geral em fundos de rio ou locais de difícil acesso – isso quando são encontrados. E foi um assassinato ocorrido dessa maneira na Argentina que mais me alarmou, na região de Misiones, fronteira com Paraguai e Brasil. Existe um grupo de guaranis na região que foram expulsos do Paraguai. Isso porque o agronegócio brasileiro chega ao Paraguai, onde já há muitos fazendeiros brasileiros em certas partes do país. Inclusive, há casos em que borrifaram veneno nos índios e nas aldeias, como ocorreu no segundo semestre do ano passado, deixando vários deles enfermos.
Apesar de não sair na grande mídia daqui, foi bem falado por lá. Ou seja, o agronegócio chega ao Paraguai, expulsa os guaranis, que vão ao norte da Argentina. Dessa forma, na região de Misiones, há um boom de assentamentos deles, onde houve uma criança assassinada recentemente.
Qual é, mais exatamente, a rotina costumeira desses indígenas? Que tratamento eles recebem das autoridades, mídia e demais populações locais?

Existem três situações muito diferentes. Os Guaranis são o povo indígena mais populoso, em seus três diferentes grupos (Kaiowá, Nhandeva e Mbya), totalizando 50 mil pessoas. No MS, estão os nhandeva e os kaiowá. As situações são diferentes no seguinte sentido: aqueles que estão nas reservas mais antigas, demarcadas no começo do século 20, ainda no tempo do Marechal Rondon, vivem uma situação complicadíssima, pois as reservas estão absolutamente superlotadas.
Há reservas de 2000 hectares com população de 5000 pessoas, uma densidade demográfica de cidade grande praticamente. Assim, eles não têm lugar pra roça e precisam sair da reserva para trabalhar nas usinas próximas, onde conseguem emprego, para depois voltar às reservas, que acabam sendo reservas-dormitório. Isso ainda faz com que as mulheres fiquem sozinhas.
Por outro lado, eles ao menos têm o atendimento da Funasa, na maior parte das vezes escola, enfim, uma atenção maior, embora a situação seja muito ruim em termos de acesso à terra. Há outra situação, que, a meu ver, é a melhor no estado: é a daqueles localizados em terras indígenas demarcadas na década de 80, que são oito áreas ‘novas’, como chamamos. São 8 terras e possuem tamanho mais adequado à população tradicional desses locais. Eles têm atendimento da Funasa, da FUNAI e uma maior extensão de terra, onde ainda é possível fazer agricultura, um pouco de colheita e caça. É uma situação um pouco melhor.
Mas a pior situação se refere a 22 assentamentos, em beira de estrada, exatamente como os do MST. Só que com o agravante do enorme preconceito existente no MS em relação aos guaranis, que são chamados de bugres. E desses 22 assentamentos, a maior parte está embaixo de lona preta; outros em reservas mais antigas, sem acesso à água, submetidos a toda a violência dos fazendeiros, que se sentem já invadidos de verem-nos às portas da propriedade.
Os que ficam em tais condições não têm acesso à saúde, pois às vezes a Funasa não consegue atendê-los ou não pode. Tampouco têm acesso à escola. Dessa forma, as crianças vão às escolas das cidades mais próximas, onde sofrem um preconceito horroroso; não têm como lavar roupa, não têm comida… Esses são os que realmente sofrem a violência que mencionei. Estive lá em um acampamento deles e, logo depois que voltei, a liderança que conheci foi assassinada. E nada sai na mídia.
Por parte do governo, a FUNAI estruturou alguns grupos de trabalho (GT), a fim de propor novas áreas. Dessa forma, temos alguma esperança com esses novos GTs que foram para lá. No entanto, os GTs também sofrem muita violência, ameaças, perseguição a carro. Mas estão trabalhando.
O que se pode dizer do relatório da Survivor International recém-entregue à ONU, listando toda sorte de mazelas na vida dos guaranis? Como você acha que deveria ressoar em nossa sociedade?

Acho que quanto mais pudermos veicular a situação dos Guaranis no Brasil todo e internacionalmente, melhor. O que vejo hoje em dia, pelo menos em São Paulo, é algo que se aproxima mais do lado folclórico, chamam crianças indígenas para acampar… Que bom, pois há uma certa valorização da questão indígena por parte da opinião pública, mas com enorme desconhecimento da situação deles no MS. O Mato Grosso do Sul é o estado mais anti-indígena do Brasil. É completamente diferente do Mato Grosso, Amazonas, onde o preconceito diminuiu um pouco. Precisamos fazer uma campanha naquele estado. O problema é que ninguém tem coragem de descer lá, já que está nas mãos do PMDB, há a questão das alianças de governo… E ninguém faz nada.
Qual tem sido a atuação dos governos, nas três esferas, na resolução das demarcações de terra e demais direitos exigidos pelos indígenas?
No que diz respeito à política de educação, no Brasil, ela é implementada pelos estados ou municípios. Portanto, de maneira geral, precisa de mais apoio à educação dos índios, que não são abarcados por nenhum dos entes. Existem cursos de formação de professores Guarani Kaiowá, numa boa iniciativa apoiada pela Universidade de Dourados. Mas falta muita infra-estrutura nas escolas, tele-centros, enfim, investimentos e consciência do governo de que os povos indígenas em seus territórios são uma riqueza para o estado.
É a mesma coisa de Roraima, quando diziam: ‘há um problema, que são os índios’. Não é problema. Temos que, cada vez mais, trazer à cidadania brasileira a idéia de que essa população tem muito a nos ensinar. Temos o privilégio de conviver com essa população, sua sabedoria e modos de vida, podendo aprender com eles. Nunca podemos encarar a questão como um problema ou uma barreira cultural, como ouço muitas vezes de alguns serviços de saúde. Não é uma barreira. Eles têm cultura, línguas diferentes, uma riqueza imensa.
E nós temos de aprender essas línguas. Não há um não-indígena que fale guarani no Brasil. Isso é um absurdo. Temos 50 mil guaranis no Brasil e ninguém fala a língua deles, que são obrigados a falar português, a língua do dominador. Não ficamos bravos quando um americano vem aqui trabalhar e não sabe falar nossa língua? É a mesma coisa em relação aos indígenas. As pessoas que trabalham com saúde e educação indígena têm de aprender o mínimo das línguas e culturas indígenas, de modo que possam respeitá-las, pois aquilo que não conhecemos não respeitamos, mesmo sem querer.
Portanto, acho que os serviços de educação e saúde aos Guaranis Kaiowá, embora estejam melhorando com algumas boas iniciativas, ainda deixam muito a desejar. Muito mesmo. Há muita coisa que poderia ser feita e, por falta de vontade política, não é.
Que interesses mais específicos impediriam a resolução mais rápida de tais impasses e também a inserção das comunidades indígenas no processo econômico regional, uma vez que a produção de suas terras também poderia se inserir na economia de mercado?Na verdade, nas reservas antigas, quase não há espaços para produzir. Nas áreas de roça, como no Alto do Solimões, os grandes provedores de alimentação da cidade são os indígenas, que provêm os mercados regionais com toda a produção de roça. No MS, é muito urgente fazer, por parte do governo federal e estadual, mesas de concertação, discussão, de produção de consenso, que poderiam ser paritárias. Ninguém abre diálogo com os guaranis, que se reúnem apenas entre eles e vão entregar suas demandas ao governo. Depois, um ou outro funcionário vai conversar com eles. Mas não existe uma sistemática, como essas mesas, onde suas idéias possam ser expressadas em sua língua. É como se nós tivéssemos de expressar nossas demandas em francês.
Já avançaríamos muito com uma medida dessas. Poderia ao menos reduzir um pouco essa violência tão grande que há por lá. É necessária alguma mediação de conflitos, talvez com especialistas contratados. Creio que esse seria o caminho para os guaranis entrarem no mercado regional.
Como tem sido a solidariedade a esse movimento? Além do engajamento dos guaranis da Bolívia, Paraguai e Argentina, há um movimento forte por parte de outros atores da sociedade civil, ou a luta dos índios é isolada?

Lá no MS, se você for a Campo Grande ou qualquer cidade por ali, verá que estão isolados, exceto por algumas iniciativas de universidades. Não existem grupos de apoio, nas escolas não há material para que as crianças compreendam quem são esses seus vizinhos guaranis…
O que podemos fazer são matérias que saiam na mídia e expressem solidariedade, pois não há muitos caminhos. Os guaranis, por sua própria característica cultural, não possuem uma organização unificada, onde se possa falar com algum presidente. Não existe isso, justamente por serem guaranis. Se quisermos que eles formem alguma organização, estaremos desrespeitando a sua organização social e política. É muito difícil conseguir exercer solidariedade. Assim, o que podemos fazer é veicular cada vez mais material em português e tentar influenciar mais escolas do estado a estudar um pouco mais sobre eles, para que as crianças não sejam simplesmente ensinadas a chamá-los de bugres e reproduzir preconceitos.
Temos de abrir cada vez mais o leque, aprender a língua, além de divulgar na internet e outras mídias, já que não há muitos tele-centros ou sites sobre o tema. No Amazonas, por exemplo, tem muito mais. É importante constituir alguma rede ao lado deles.
O processo eleitoral que teremos neste ano traz esperanças, angústias, que sentimentos aos povos da região? Há alguma perspectiva de melhora na luta desses povos ou os dias que lhes esperam se mostram sombrios?

Conversando com algumas mulheres Kaiowá de uma comunidade, perguntei a elas o que mais querem, o que lhes traria mais esperança. Sabe o que responderam? “Dar documentos aos nossos filhos”. Eles não têm carteira de identidade, e fora da cidade não são aceitos em nada. A coisa lá é tão complicada que… não sei.
Gostaria muito que os próximos governos federal e estadual mudassem essa situação. Mas gostaria muito mais que a questão indígena não fosse objeto de trabalho e reflexão por parte de um partido só, pois não se trata de uma questão partidária. Claro que os modelos e tratamentos da questão serão diferentes em cada partido. Quanto a isso, tudo bem. Nesse sentido, acho que a questão indígena está mais bem incorporada no projeto de governo da Marina Silva atualmente. Gosto muito do PT e do governo do Lula, e espero que a Dilma consiga articular tal questão um pouco melhor no Mato Grosso do Sul, mas depende muito de quem for o governador.
Tenho muita esperança, mas o que gostaria de verdade é que esta não se tornasse uma questão partidária. E foi isso que aconteceu no Mato Grosso do Sul. Como lá o governo é do PMDB, o governo federal não se mete, não briga, porque não pode perder os aliados de lá. Isso é um absurdo! É uma população que sofre uma violência terrível em função de uma aliança partidária. A questão indígena é humanitária, deveríamos ter uma visão um pouco mais larga a respeito do assunto.
 
Marta Azevedo, professora do Núcleo de Estudos da População (NEPO) da Unicamp em entrevista a Gabriel Brito, publicada pelo Correio da Cidadania
 
Reprodução:http://www.domtotal.com/especiais/artigo_detalhes.php?espId=1120&espId_art=1121