Arquivos da fundação que reúne acervo do escritor exibem versões com notas, correções, alterações manuscritas, e podem ser visitados no site
O maior acervo da obra e da biografia de um dos escritores baianos de grande expressão no Brasil e no mundo tem endereço certo: a Fundação Casa de Jorge Amado é referência para visitantes e pesquisadores do país e do exterior. Localizada no Largo do Pelourinho, em Salvador, se propõe a preservar, pesquisar e divulgar dados bibliográficos e artísticos do escritor, além de incentivar pesquisas sobre sua vida e obra, com debates extensivos a elementos da cultura baiana.
A fundação abriga mais de 250 mil itens, sendo 19 mil datiloscritos originais, com correções à mão e outras versões, além de documentos, fotografias, livros (traduzidos para 49 idiomas e publicados em 55 países), arquivos, adaptações e objetos. Cerca de 56 mil publicações – ou recortes – ainda alimentam uma expressiva clippagem.
Os datiloscritos originais podem ser visitados na sessão 'acervo' do site da entidade, onde estão disponíveis a biografia "ABC de Castro Alves", o conto "O milagre dos pássaros", o guia da cidade "Bahia de Todos os Santos", os infanto-juvenis "O goleiro e a bola" e "O Gato Malhado e Andorinha Sinhá", e romances como "Terras do sem fim", "Tocaia Grande", "Os pastores da noite" e muitos outros.
Os visitantes também têm acesso a prêmios concedidos ao autor, além de muitas fotos tiradas por sua esposa, Zélia Gattai, retratando o cotidiano do escritor. Ao todo são 29 mil imagens, entre revelações e negativos. Vídeos e trabalhos acadêmicos também compõem o material da instituição. A isso se somam os esforços de digitalização e divulgação online de parte do material, no site da fundação. No Mirante das Letras, a instituição abriga cursos e seminários sobre temas variados da cultura baiana e brasileira.
A pluralidade do acervo revela um Jorge Amado muito além da literatura, contemplando também vertentes pessoais e políticas. “Jorge Amado foi um escritor que viveu intensamente, um protagonista de seu tempo. Assumiu posições políticas, foi ativista, deputado. Essa atuação em diversos campos está atestada nos muitos documentos preservados na fundação”, comenta Myriam Fraga, à frente da instituição há 26 anos.
Myriam destaca ainda a relevância da obra de Jorge Amado pela abordagem inédita de temáticas da cultura popular. “Jorge Amado inovou a literatura brasileira, incorporando temas do cotidiano na recriação de cenários e personagens que remetem à cultura popular, introduzindo assuntos que até então eram ignorados, como miscigenação, preconceito, liberdade religiosa, ecologia, direitos humanos”, enumera.
Uma programação especial foi reservada para a comemoração do centenário do escritor, o que inclui dois colóquios internacionais: o primeiro realizado ainda este mês, em Salvador, e o outro em outubro, na França. A agenda festiva contempla também o lançamento do primeiro volume do catálogo fotográfico de Zélia Gattai, além do apoio à exposição que ocupará o Museu de Arte Moderna da Bahia.
Em 10 de agosto, dia em que Jorge Amado completaria 100 anos, a fundação promove show, palestra e lançamento de livro. Os músicos paulistanos Juçara Marçal e Kiko Dinucci interpretarão canções inspiradas na obra do escritor. No show, serão apresentadas canções com letra de Jorge Amado, além de músicas que integraram a trilha sonora de filmes e novelas baseadas em seus livros.
No mesmo dia, a Editora da Universidade Federal da Bahia (EDUFBA), em coedição com a Casa de Palavras, da Fundação Casa de Jorge Amado, lança o título ‘Jorge Amado e a sétima arte’, de Bohumila S. de Araújo, Maria do Rosário Caetano e Myriam Fraga (Org.), um híbrido entre trabalho acadêmico e livro de depoimentos, com relatos sobre a relação do escritor baiano com o cinema, além de declarações e entrevistas com autores, cineastas, atores, roteiristas e diretores, bibliografia e filmografia completas. O lançamento terá uma palestra de Guido Araujo, um dos colaboradores da publicação.
O calendário de eventos comemorativos da fundação ainda inclui, de 13 a 17 de agosto, o curso Jorge Amado 2012 – II Colóquio de Literatura Brasileira, em parceria com a Academia de Letras da Bahia, com a participação de Ana Maria Machado, presidente da Academia Brasileira de Letras; Domício Proença Filho e Murilo Melo Filho (ABL); Ana Rosa Ramos e Ivia Alves (UFBA); Eduardo Assis Duarte (UFMG); Yeda Castro (UNEB/ALB); entre outros.
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