Domingo de Circo
Toda tua chegada nessa radiosa manhã de domingo embandeirada de infância. Solene e festivo circo armado no terreno baldio do meu coração.
As piruetas do palhaço são malabaristas alegrias na vertigem de não saber o que faço.
Rugem feras em meu sangue; cortam-me espadas de fogo.
Motos loucas de globo da morte, rufar de tambores nas entranhas, anúncio espanholado de espetáculo, fazem de tua chegada minha sorte.
Domingo redondo aberto picadeiro, ensolarado por tão forte ardor, me refunde queima alucina:
olhos vendados,
sem rede sobre o chão,
atiro-me do trapézio
em teu amor.
Do livro A Arte de Semear Estrelas, de Frei Betto.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Biblioteca no Pará ajuda a despertar em crianças o gosto pela leitura

A biblioteca móvel tira o livro das prateleiras e traz para a vida do dia a dia dos alunos, em uma parceria com o ‘Criança Esperança’.
O “Criança Esperança” atende a mais 20 mil crianças e adolescentes em 75 projetos sociais. É uma parceira da Rede Globo com a Unesco que está mudando muitas vidas pelo Brasil.
A biblioteca móvel é uma alternativa para jovens que trocam as ruas pelos livros. O encontro é na Pastoral do Menor, que cede duas vans para a equipe de voluntários da biblioteca. O projeto “Criança Esperança” ajuda com alimentação, material e combustível. Os funcionários carregam caixas de plásticos cheias de livros e ainda estantes, colchonetes, pufes e carpetes, tudo feito de material reciclado.
“Trouxemos os livros para vocês viajarem na imaginação e criar várias coisas”, disse um professor.
A professora Elisa Luciane de Andrade teve a ideia de criar a biblioteca dando aulas na pastoral, quando percebeu que várias crianças se interessavam por livros, mas era necessário aumentar o interesse. “Comecei a usar a arte para chamar a atenção deles. Começava a fazer eu mesma livros de pano”, conta a professora.
O personagem principal dessas histórias é o livro. A biblioteca móvel tira o livro das prateleiras e traz para a vida do dia a dia das crianças nas 15 áreas atendidas pelo projeto. Na comunidade de Açaizal, na periferia de Santarém, as famílias são descendentes dos índios Munduruku.
A biblioteca se divide entre um terreno com chão de terra batida e uma sala dentro da escola municipal. Junto com o livro, vem a contação de histórias para estimular a imaginação. Dona Baratinha é professora e conta sua história, que depois é recontada com desenhos pelas crianças.
“A contação de história vem fazer com que a criança aguce e tenha o interesse, porque ela passa a perceber as coisas, passa a perceber o livro o qual ela vai ter o interesse depois”, afirma a professora Ana Valdina Nogueira.
O livro pode ser útil para quem quiser conhecer o mundo que vai além dos limites do Açaizal. “Acho bom nós aprendermos a ler. Quem sabe um dia nós saímos para fora e a pessoa pede para ler alguma coisa. Se não souber ler, é difícil”, diz um menino.

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