Domingo de Circo
Toda tua chegada nessa radiosa manhã de domingo embandeirada de infância. Solene e festivo circo armado no terreno baldio do meu coração.
As piruetas do palhaço são malabaristas alegrias na vertigem de não saber o que faço.
Rugem feras em meu sangue; cortam-me espadas de fogo.
Motos loucas de globo da morte, rufar de tambores nas entranhas, anúncio espanholado de espetáculo, fazem de tua chegada minha sorte.
Domingo redondo aberto picadeiro, ensolarado por tão forte ardor, me refunde queima alucina:
olhos vendados,
sem rede sobre o chão,
atiro-me do trapézio
em teu amor.
Do livro A Arte de Semear Estrelas, de Frei Betto.
domingo, 11 de dezembro de 2011
Dicas de leitura: 204 obras essenciais para ler do ensino infantil ao médio
Conheça as dicas de leitura de 18 educadores. São 204 obras para serem lidas do ensino infantil ao médio. Uma excelente dica aos educadores, pais, amantes e incentivadores da leitura. Veja aí:
http://educarparacrescer.abril.com.br/livros/index.shtml
boa leitura!!!
Jonas Banhos
mochileirotuxaua.blogspot.com
Dia do Palhaço!!! Viva!!!
10 DE DEZEMBRO comemoramos o DIA DO PALHAÇO. Abaixo transcrevo um texto escrito por Paulo Kwamme que fala sobre este ser encantador, que faz feliz as crianças de todas as idades.
Aproveito para lembrar de um palhaço amazônico, o Alecrim, que atuou na televisão paraense nas décadas de 70/80, fazendo o maior sucesso com a garotada. Na foto, Alecrim e seu (e)terno parceiro, o grande palhaço Nequinho. Para conhecer mais da história desse palhaço, acesse palhacoalecrim.blogspot.com e boa diversão.
Boa leitura!!!
Joans Banhos
mochileirotuxaua.blogspot.com e palhaço ribeirinho, em comunidades da Amazônia.
Aproveito para lembrar de um palhaço amazônico, o Alecrim, que atuou na televisão paraense nas décadas de 70/80, fazendo o maior sucesso com a garotada. Na foto, Alecrim e seu (e)terno parceiro, o grande palhaço Nequinho. Para conhecer mais da história desse palhaço, acesse palhacoalecrim.blogspot.com e boa diversão.
Boa leitura!!!
Joans Banhos
mochileirotuxaua.blogspot.com e palhaço ribeirinho, em comunidades da Amazônia.
Entre os personagens que trabalham no circo, como os domadores, mágicos, trapezistas, acrobatas, dançarinas e equilibristas, o palhaço exerce a principal função. É ele que, com suas palhaçadas, faz o público adulto esquecer os problemas do dia-a-dia. As crianças, principalmente, vão ao circo só para ver o palhaço. Com sua roupa desengonçada, sempre está com a calça larga caindo, sapato de nadador e cara pintada. Sua cabeleira é estranha e seu nariz é sempre uma pelota vermelha. Dá piruetas por todos os lados; cai, levanta, pula, sobe, desce, anima os espectadores com suas artes e piadas engraçadíssimas.O palhaço é um circense muito competente e indispensável na apresentação de um espetáculo. Na história do circo, muitos palhaços ficaram famosos, como Arrelia, Chique-chique, Pirolito, Carambola, Teco-teco, Pipoca, Pingulin, Bozzo, Carequinha e Picolino. O palhaço representa a alegria, pois está sempre sorrindo. Quando se desenha a figura de um palhaço, é de uma pessoa muito alegre. Sua boca chega perto da orelha. Muitas vezes dá aquela gargalhada, mas... não sabemos como está o seu coração. É o seu trabalho! Palhaço – Artista de circo, que faz pilhérias e momices para divertir o público; pessoa que, por atos ou palavras, faz os outros rirem. Circo – grande e antigo recinto para jogos públicos; anfiteatro circular para espetáculos de ginástica, equitação. Fonte: UFGNet |
HOMENAGEM AO PALHAÇO CAREQUINHA George Savalla Gomes - Artista de circo, cantor e compositor. Sua mãe era trapezista e seu nascimento foi num picadeiro de circo, logo após o espetáculo em que ela sentiu as dores do parto quando se equilibrava no arame. Neto de Savalla, dono do Circo Peruano, no qual começou a trabalhar em 1920, aos cinco anos de idade.Iniciou a vida artística aos cinco anos de idade, no Circo Peruano, em sua cidade natal. Em 1938 estreou como cantor na Rádio Mayrink Veiga no Rio de Janeiro, no programa "Picolino", de Barbosa Jr. Em 1950 passou a trabalhar na recém-inaugurada TV Tupi, formando uma dupla de palhaços com Fred, nome artístico utilizado por Fred Vilar, no programa "Circo do Carequinha", tornando-se pioneiro do circo na televisão brasileira e de programas infantis ao vivo na TV. O programa permaneceu 16 anos no ar. Em 1957 realizou sua primeira gravação, as marchas "Fanzoca do Rádio", de Miguel Gustavo, que se tornou a marcha mais popular do ano seguinte, e "O Preço da Gripe", de Miguel Gustavo e Altamiro Carrilho. No mesmo ano, gravou aquele que seria seu maior sucesso, a valsa "Alma de Palhaço", de sua autoria e de Fred. Em 1958 gravou, de Altamiro Carrilho, a valsa "Saudade de Papai Noel". No mesmo ano, gravou de Altamiro Carrilho, Miguel Gustavo e Carrapicho, a marcha "As Brabuletas de Brasília" e de Miguel Gustavo, a batucada "Dá Um Jeito, Nonô". Em 1959 gravou a marcha "Parabéns! Parabéns!", de Altamiro Carrilho e Irani de Oliveira, que se tornou um verdadeiro hino dos aniversários infantis; a valsa "Missa do Galo", dele e Mirabeau, e a marcha "Carnaval do J. K.", de motivo popular, com arranjo de Altamiro Carrilho e Miguel Gustavo, entre outras. Em 1960 gravou, de Altamiro Carrilho e Irani de Oliveira, o fox "O Bom Menino", que além de ser um de seus maiores sucessos, tornou-se também um clássico do cancioneiro infantil. No mesmo ano, gravou em parceria com Mirabeau e Jorge Gonçalves, a marcha "Canção das Mães". Em 1961 gravou a valsa "Canção da Criança", de Francisco Alves e René Bittencourt, que se tornou outro de seus sucessos. No mesmo ano lançou com enorme sucesso o LP "Carequinha no Parque Shangai", com produção de Getúlio Macedo, e com músicas do próprio Getúlio e Hamilton Sbarra, tais como: "Roda Gigante", "Trem Fantasma", "Carroussel", "Bicho da Seda", "Auto-Pista" e "Montanha-Russa". Em 1962 gravou, entre outras composições, "Twist do Cachorrinho", de Nazareth de Paula e Joluz, e "Chicotinho Queimado", dele e Almeidinha. Em 1963, gravou as marchas "Bloco do Carequinha", de Vicente Amar e Almeidinha e "É... Bebé ?" de Antônio Almeida. Em 1964 gravou as marchas "Vaca Malhada", de Brazinha e Vicente Amar e "Joaquim, Cadê sua Meia?" de José Saccomani, Valdemar e Castrinho. Gravou, entre outros, os LPs "Amiguinho das Crianças", "Baile do Carequinha" e "Carequinha", todos pela Copacabana. Nos anos 1980, apresentou por quase três anos um programa infantil na TV Manchete, que saiu do ar, sendo substituído pelo programa da Xuxa, que iniciava a sua trajetória artística. Em 2001, destacou-se no programa Escolinha do Professor Raimundo, na TV Globo, com a música "Ai,ai,ai Carrapato Não Tem Pai". Considerado um dos mais importantes palhaços de circo do Brasil, comemorou o aniversário de 87 anos em 2002, com uma apresentação no Teatro João Caetano. Em dezembro do mesmo ano, em entrevista a Bóris Casoy, na TV Record, descontraiu o jornalista, levando-o a cantar "O Bom Menino". Carequinha atravessou várias gerações como ídolo infantil. Apresentou-se para vários presidentes, como Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, João Goulart, passando pelos generais do governo militar e recebendo condecoração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 2003, ao completar 88 anos, Carequinha foi homenageado por seresteiros em Rio Bonito, e foi recebido por 4 mil crianças na quadra da Escola de Samba Porto da Pedra, em São Gonçalo(RJ), onde mora. Demonstrando saúde e vitalidade, faz shows pelo menos 2 vezes por semana. Em 2005, completou 90 anos. Partiu para apresentar-se em um circo celestial em 2006, após completar 91 anos. Fonte: ICCA |
HOJE É O DIA DE ALEGRIA Vem à minha cabeça palhaços como Mussum, Zacarias, Didi, Dedé, Bozo, Carequinha e mais uma infinidade de alegres criaturinhas que fazem ou faziam, pois alguns já nos deixaram, dos nossos dias uma alegria. Hoje é o dia deles e nada melhor do que lembrar que a alegria tem o seu significado através dos personagens da farra e das piruetas – os alegres palhaços do mundo das nossas fantasias. São momentos em que esquecemos os problemas e que conseguimos viver nas cores exageradas e pinturas que marcam suas imagens na retina de todos nós, em qualquer idade. O palhaço é um abençoado. Deus, em sua criação, viu que faltava a pureza e a beleza e misturou, em sua sábia fórmula, a alegria. Então surgiram essas figurinhas fantásticas. No passado, eram os bufões que alegravam os reis. Atualmente, a magia do picadeiro está entregue àqueles que mandam no nosso humor, dando uma leveza na alegria e o sonho de viver na fantasia. Sou uma criança adulta que não viu o tempo passar no meio das suas palhaçadas. Autor: Paulo Kwammehttp://www.velhosamigos.com.br/DatasEspeciais/diapalhaco.html |
sábado, 10 de dezembro de 2011
Intelectuais se dobraram à alienação do trabalho, diz Marilena Chauí
18/08/2011-12h08
CLAUDIA ANTUNES
DO RIO
Na chamada sociedade da informação, os intelectuais se dobraram à alienação do trabalho: não têm mais controle sobre o que produzem, e sua obra é uma mercadoria que não revela a subjetividade do autor.
O misto de acusação e lamento foi feito pela filósofa Marilena Chauí na noite de quarta-feira (17) no Rio, na terceira conferência da série sobre o "elogio à preguiça" que acontece também em São Paulo e Belo Horizonte. "A maneira pela qual os acadêmicos se renderam à ideia de produtividade, de controle de qualidade e de ranking é um escárnio. É a destruição da vida do pensamento", disse a professora da USP.
Segundo Chauí, nas formas anteriores do capitalismo o intelectual era um "trabalhador improdutivo" porque a ciência e os conhecimentos eram aplicados indiretamente na produção por intermédio da tecnologia.
"Hoje todas as ciências deixaram de ser um conhecimento que passa ao largo do capital para depois serem aplicadas. Elas se tornaram uma força produtiva. É isso que significa a afirmação de que todo poder está na informação. A subordinação do intelectual à lógica do capital se fará com a mesma ferocidade em que ela se fez sobre o proletariado."
Na sua conferência de mais de uma hora para um auditório de 300 lugares lotado, na Academia Brasileira de Letras, Chauí deu uma espécie de aula sobre "O Direito à Preguiça", de Paul Lafargue (1842-1911), publicado em Paris em 1880. O genro de Karl Marx, nascido em Cuba de uma família que misturava mulatos e indígenas caribenhos com um judeu francês, escreveu o livro-panfleto em reação à derrota da Comuna de Paris, em 1871.
Ele questionava por que os trabalhadores haviam aderido ao "dogma do trabalho" assalariado, considerando-o uma conquista revolucionária. Propunha a redução da jornada de 12 para três horas diárias. "Ao apertar o cinto, a classe operária desenvolveu para além do normal o ventre da burguesia", dizia.
No tempo livre, os trabalhadores iriam desfrutar da "boa vida" e perceberiam a "virtude da preguiça". Na sua origem latina, virtude quer dizer força e vigor, disse Chauí. Portanto, a preguiça iria, segundo Lafargue, fortalecer o "espírito" dos trabalhadores.
Já naquela época, o socialista revolucionário apontava a criação de necessidades fictícias de consumo e a produção de supérfluos para garantir a reprodução do sistema, em que a parcela do trabalho não remunerada (a mais valia) garante o lucro.
Numa referência à ofensiva religiosa que se seguiu à derrota da Comuna --na época foi construída a basílica de Sacre Coeur, em Montmartre, e incentivado no campo o culto a santa Bernadete--, ele escreveu o livro como paródia de um sermão, em que até o descanso de Deus no sétimo dia era citado como exemplo do direito ao ócio. "Não é a irreverência de um ateu, mas a crítica ao trabalho assalariado como trabalho alienado", disse Chauí.
Antes de discutir o panfleto de Lafargue, a filósofa fez um breve histórico da visão paradoxal que a tradição ocidental tinha do trabalho até os calvinistas lançaram a máxima de que "mãos desocupadas são a oficina do diabo" --na famosa conjunção entre a "Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" identificada por Max Weber.
No Gênesis da Bíblia, por exemplo, o trabalho é imposto como pena eterna a Adão e Eva, que não mereceram o paraíso. A preguiça, portanto, é um pecado capital. Ao mesmo tempo, a ideia do trabalho como "desonra e degradação" faz com que ele não seja visto como opção de quem tem livre arbítrio.
"Essa ideia aparece nas sociedades escravistas como a grega e a romana, cujos poetas não se cansavam de proclamar o ócio como um valor indispensável para a vida livre e feliz", disse Chauí. A palavra trabalho não existia em grego e em latim, lembrou ela. "Os vocábulos ergon (em grego) e opus (latim) se referem às obras produzidas e não à atividade de produzi-las."
A palavra latina que deu origem a trabalho é "tripalium", um instrumento de tortura. O latim "labor", que originou o inglês "labor", significa esforço penoso. "Não é significativo que em muitas línguas modernas recuperem a maldição divina contra Eva usando a expressão trabalho de parto?", perguntou a professora.
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/961616-intelectuais-se-dobraram-a-alienacao-do-trabalho-diz-marilena-chaui.shtml
Professor não é babá e p(r)onto
Ron Clark e seus alunos: em defesa de mais cooperação entre pais e professores (Divulgação/Ron Clark Academy)
"Hoje, existe uma preocupação grande com a autoestima da criança. Por isso, muitas pessoas se veem obrigadas a dizer aos pequenos que eles fizeram um ótimo trabalho e que são brilhantes, mesmo quando isso não é verdade"
O segundo artigo mais compartilhado em 2011 por usuários americanos do Facebook foi escrito por um professor, Ron Clark (o primeiro trazia fotos da usina de Fukushima). Mais de 600.000 pessoas
curtiram o texto na rede, escrito a pedido da rede de TV CNN e entitulado "O que os professores realmente querem dizer aos pais". O artigo descreve um cenário de guerra, travada entre pais e professores. Na visão de Clark, os pais vêm transferindo suas responsabilidades para a escola, sem, contudo, aceitar que seus filhos se submetam de fato às regras da instituição. Por isso, assim que surge a primeira nota vermelha ou uma advertência, invadem a sala de aula culpando os professores – a pretexto de preservar a reputação e o orgulho de seus filhos. "Precisamos estar mais atentos à excelência acadêmica e menos preocupados com a autoestima das crianças", diz o professor, na entrevista concedida a VEJA.com e reproduzida a seguir. "Essas crianças deixam de aprender que é preciso se esforçar muito para conseguir bons resultados. No futuro, elas não terão sucesso porque, em nenhum momento, exigiu-se excelência delas." Clark conhece sua profissão. Aos 39 anos, vinte deles dedicados à carreira, o americano já lecionou na zona rural da Carolina do Norte, nos subúrbios de Nova York e atualmente comanda uma escola modelo no estado da Geórgia que oferece treinamento a educadores. Graças à função, manteve, desde 2007, contato com cerca de 10.000 educadores de diversas partes do mundo, incluindo brasileiros.
Em seu artigo, o senhor fala de um ambiente escolar em que pais e professores não se entendem mais. O que tornou a situação insustentável, como o senhor descreve? A sociedade se transformou. Hoje, vemos pais muito jovens, temos adolescentes que se veem obrigados a criar uma criança sem ao menos estarem preparados para isso. São pessoas imaturas. Por outro lado, temos famílias abastadas, em que pais trabalham fora e são bem-sucedidos profissionalmente. Pela falta de tempo para lidar com os filhos, empurram toda a responsabilidade da educação para a escola, mas querem ditar as regras da instituição. Ou seja, eles querem que a escola eduque, mas não dão autonomia a ela.
Que tipo de comportamento dos pais irrita os professores? Acho que o ponto principal são as desculpas que os pais criam para livrar os filhos das punições que a escola prevê. Se um aluno tira nota baixa, por exemplo, ou deixa de entregar um trabalho, os pais vão à escola e descarregam todo tipo de desculpa: dizem que o filho precisava se divertir, que a escola é muito rigorosa ou que a criança está passando por um momento difícil. Ou, ainda, culpam os professores, dizendo que eles não são capazes de ensinar a matéria. Mas nunca culpam seus próprios filhos. É muito frustrante para os professores ver que os pais não querem assumir suas responsabilidades.
Problemas com notas são bastante frequentes? Sim. Certa vez tive uma aluna que estava indo mal em matemática. A mãe dela justificou-se dizendo que, na escola em que a filha estudara antes, ela só tirava boas notas, sugerindo, assim, que o problema éramos nós, os novos professores. Infelizmente, essa ideia se instalou na nossa sociedade. Se a nota é boa, o mérito é do aluno; se é baixa, o problema está com o professor. E quando as notas ruins surgem, os pais ficam furiosos com os professores. O resultado disso é que muitos profissionais estão evitando dar nota baixa para não entrar em rota de colisão com os pais, que nos Estados Unidos chegam a levar advogados para intimidar a escola.
Os pais poupam os filhos de lidar com fracassos? Hoje, existe uma preocupação grande com a autoestima da criança. Por isso, muitas pessoas se veem obrigadas a dizer aos pequenos que eles fizeram um ótimo trabalho e que são brilhantes, mesmo quando isso não é verdade. Essas crianças deixam de aprender que é preciso se esforçar muito para conseguir bons resultados. No futuro, elas não terão sucesso porque, em nenhum momento, exigiu-se excelência delas. Precisamos estar mais atentos à excelência acadêmica e menos preocupados com a autoestima das crianças.
Que conselho o senhor dá aos professores? É possível evitar que os pais surtem diante de notas ruins e do mau comportamento dos filhos se for construída uma relação de confiança. Em vez de só procurar os pais quando as crianças vão mal na escola, oriento que os professores conversem com os responsáveis também quando a criança vai bem. Na minha escola, procuro conhecer os pais de todos os meus alunos. Procuro encontrá-los com frequência e envio cartas a eles com boas notícias. Assim, quando tenho que dizer que a criança não está rendendo o esperado, eles me darão credibilidade e confiarão na minha avaliação.
É possível determinar quando termina a responsabilidade dos pais e começa a da escola? As duas partes precisam trabalhar em conjunto. Os pais precisam da escola e a escola precisa do apoio da família para realizar um bom trabalho. Um conselho que sempre dou aos pais é que nunca falem mal da instituição de ensino ou do professor na frente dos filhos. Se a criança ouve os próprios pais desmerecerem seus mestres, perde o respeito por eles. O contrário também é verdadeiro. Os professores precisam respeitar os pais, porque eles são parte fundamental na educação de uma criança.
Em algumas situações a discussão sobre responsabilidades da família e da escola surge com muita força. Em casos de bullying, por exemplo, pais e professores trocam acusações. Sobre quem recai a maior parte da responsabilidade nesses casos? A minha resposta novamente é que precisamos trabalhar em conjunto. Quando o bullying acontece na escola, é obrigação dos professores intervir imediatamente. Mas muitos não agem assim porque querem evitar conflitos com os pais. E isso é muito grave. O bullying está devastando nossas crianças. Precisamos combatê-lo. Para que os professores tenham liberdade para agir, precisam do apoio dos pais. Mas você sabe o que acontece? Muitas vezes, quando os pais são chamados na escola para serem alertados de que seu filho está praticando bullying contra um colega de classe, o que ouvimos é: "Mas qual o problema disso? Tenho certeza de que outros colegas também zombam do meu filho e ele não se sente mal por isso." Mais uma vez, vemos os pais se esquivando da responsabilidade.
A que o senhor atribui o sucesso do artigo que estourou no Facebook? Eu escrevi o que todos os professores tinham vontade de dizer aos pais, mas não podiam dizer, porque isso os enfureceria. O que eu fiz foi dar voz a milhões de profissionais. Fiquei sabendo que muitas escolas imprimiram o texto e enviaram uma cópia a cada família. Na internet, pessoas de outros países também compartilharam a minha mensagem.
O senhor criou uma escola modelo, a Ron Clark Academy. Como é a relação de seus professores com os pais? Procuramos estabelecer uma relação próxima. Como eu disse, estamos constantemente em contato com os pais, nos bons e nos maus momentos. Também promovemos encontros semanalmente, nos quais ofereço aos pais a oportunidade de assistir a uma aula na escola, destinada exclusivamente a eles, para que acompanhem o que está sendo ensinado a seus filhos. Ou seja, trabalhamos muito para conquistar uma relação harmônica. Não estou dizendo que é fácil lidar com os pais. Alguns deles podem ser bem malucos.
O senhor, na sua escola, recebe professores de diversas partes dos Estados Unidos e tambem de outros países, como o Brasil. Além dos problemas de relacionamento com os pais, do que mais professores de todo o mundo reclamam? As avaliações tiram o sono dos professores. Não sei exatamente como funciona no Brasil, mas nos Estados Unidos os professores são constantemente cobrados a melhorar o desempenho de suas escolas em testes padronizados. E todo o processo educacional passa a girar em torno de algumas provas. Isso é massacrante, para os alunos e para os professores. Os professores precisam de mais diversão na sala de aula.
http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/pais-e-professores
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Dia Internacional do Voluntário - 5 de dezembro
Desde 1985 , a Organizações das Nações Unidas instituiu o dia 5 de dezembro como Dia Internacional do Voluntário.
O objetivo da ONU é fazer com que, ao redor do mundo, sejam promovidas ações de voluntariado em todas as esferas da sociedade.
No Brasil, já existem diversas iniciativas em favor do desenvolvimento de práticas de voluntariado.
É fundamental que cada voluntário saiba que, como ele, há milhões de pessoas no mundo dando a sua própria contribuição para o alcance das metas traçadas pelas Nações Unidas. E nós, do Social Umbanda Nova Era, queremos fazer a nossa parte.
O Voluntariado
Segundo definição das Nações Unidas, "o voluntário é o jovem ou o adulto que, devido a seu interesse pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bem estar social, ou outros campos..."Em recente estudo realizado na Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, definiu-se o voluntário como ator social e agente de transformação, que presta serviços não remunerados em benefício da comunidade; doando seu tempo e conhecimentos, realiza um trabalho gerado pela energia de seu impulso solidário, atendendo tanto às necessidades do próximo ou aos imperativos de uma causa, como às suas próprias motivações pessoais, sejam estas de caráter religioso, cultural, filosófico, político, emocional.
Quando nos referimos ao voluntário contemporâneo, engajado, participante e consciente, diferenciamos também o seu grau de comprometimento: ações mais permanentes, que implicam em maiores compromissos, requerem um determinado tipo de voluntário, e podem levá-lo inclusive a uma "profissionalização voluntária"; existem também ações pontuais, esporádicas, que mobilizam outro perfil de indivíduos.
Ao analisar os motivos que mobilizam em direção ao trabalho voluntário, (descritos com maiores detalhes a seguir), descobrem-se, entre outros, dois componentes fundamentais: o de cunho pessoal, a doação de tempo e esforço como resposta a uma inquietação interior que é levada à prática, e o social, a tomada de consciência dos problemas ao se enfrentar com a realidade, o que leva à luta por um ideal ou ao comprometimento com uma causa.
http://www.diadovoluntario.org.br/
domingo, 27 de novembro de 2011
Despertar a dimensão xamânica
por Leonardo Boff
27/11/2011
A categoria sustentabilidade, tomada em seu sentido amplo e não apenas reduzida ao desenvolvimento, significa toda a ação que visa a manter os seres na existência porque tem direito de coexistir conosco e só a partir desta convivência utilizamos com sobriedade e respeito uma porção deles para atender nossas necessidades e preservando-os também para as futuras gerações. Dentro deste conceito cabe também o universo. Sabemos hoje pela nova cosmologia que somos feitos de pó das estrelas e somos sustentados e atravessados pela inominável Energia de Fundo que tudo alimenta e que se desdobra nas quatro forças – a gravitacional, a eletromagnética, a nuclear fraca e forte – que, agindo sempre juntas, nos mantém assim como somos.
Como seres conscientes e inteligentes temos o nosso lugar e nossa função dentro do processo cosmogênico. Se não somos o centro de tudo, seguramente, somos uma daquelas pontas avançadas pelas quais o universo se volta sobre si mesmo, vale dizer, se torna consciente. O princípio andrópico fraco nos concede dizer que para sermos o que somos, todos as energias e processos da evolução se organizaram de forma tão articulada e sutil que permitiram o nosso surgimento, caso contrário não estaria aqui escrevendo agora.
Através de nós, o universo e a Terra se veem e se contemplam a si mesmos. A vista surgiu há 600 milhões de anos. Até lá a Terra era cega. O céu profundo e estrelado, as cataratas do Iguaçu, onde escrevo agora, o verdor das florestas, aqui ao lado, não podiam ser vistos. Pela nossa vista a Terra e o universo podem ver toda essa indescritível beleza.
Os povos originários, dos andinos aos samis do Ártico, se sentiam unidos ao universo, como irmãos e irmãs das estrelas, formando uma grande família cósmica. Nós perdemos esse sentimento de mútua pertença. Sentiam que forças cósmicas equilibravam o curso de todos os seres e atuavam em sua interioridade. Viver consoante estas energias universais era levar uma vida sustentável, serena e cheia de sentido.
Sabemos pela física quântica que a consciência e o mundo material estão conectados e a maneira que um cientista escolhe para fazer a sua observação, afeta o objeto observado. Observador e objeto observado se encontram indissoluvelmente ligados. Dai que a inclusão da consciência, nas teorias científicas e na própria realidade do cosmos, é um dado já assimilado por grande parte da comunidade científica. Formamos, efetivamente, um todo complexo e diversificado.
São conhecidas as figuras dos xamãs, tão presentes no mundo antigo e que hoje estão voltando com renovado vigor como o tem mostrado o físico quântico J. Drouot em se livro O Xamã, o Físico e o Místico (Record 2002) que tive a honra de prefaciar. O xamã vive um estado de consciência singular que o faz entrar em contato íntimo com as energias cósmicas. Ele entende o chamados das montanhas, dos lagos, das florestas, dos animais e, das estrelas e dos outros. Sabe conduzir tais energias para curar e harmonizar o ser humano com o todo.
Em cada um de nós existe a dimensão xamânica, escondida dentro de nossa interioridade Essa energia xamânica nos faz silenciar diante da grandeza do mar, vibrar diante do olhar da pessoa amada e estremecer face a um recém nascido. Precisamos liberar esta dimensão em nós para entrarmos em sintonia com tudo o que nos cerca e sentirmo-nos em paz.
Talvez nossa vontade de viajar com as naves espaciais na direção do espaço cósmico, não seja o desejo arquetípico de buscar nossas origens estelares e o ímpeto de regressar ao lugar de nosso nascimento? Vários astronautas expressaram semelhantes idéias.
Pertence à noção compreensiva de sustentabilidade, esta nossa busca incontida de equilíbrio com o todo e de sentirmo-nos parte do universo. A sustentabilidade comporta valorizar este capital humano e espiritual cujo efeito é produzir em nós respeito, sentido de sacralidade diante de todas as realidades, valores que alimentam a ecologia profunda e que nos ajudam a respeitar e a viver em sintonia com a Mãe Terra. Hoje faz-se urgente essa atitude, para moderar a força destrutiva que nas últimas décadas tomou conta da humanidade.
http://leonardoboff.wordpress.com/2011/11/27/despertar-a-dimensao-xamanica/
Como seres conscientes e inteligentes temos o nosso lugar e nossa função dentro do processo cosmogênico. Se não somos o centro de tudo, seguramente, somos uma daquelas pontas avançadas pelas quais o universo se volta sobre si mesmo, vale dizer, se torna consciente. O princípio andrópico fraco nos concede dizer que para sermos o que somos, todos as energias e processos da evolução se organizaram de forma tão articulada e sutil que permitiram o nosso surgimento, caso contrário não estaria aqui escrevendo agora.
Através de nós, o universo e a Terra se veem e se contemplam a si mesmos. A vista surgiu há 600 milhões de anos. Até lá a Terra era cega. O céu profundo e estrelado, as cataratas do Iguaçu, onde escrevo agora, o verdor das florestas, aqui ao lado, não podiam ser vistos. Pela nossa vista a Terra e o universo podem ver toda essa indescritível beleza.
Os povos originários, dos andinos aos samis do Ártico, se sentiam unidos ao universo, como irmãos e irmãs das estrelas, formando uma grande família cósmica. Nós perdemos esse sentimento de mútua pertença. Sentiam que forças cósmicas equilibravam o curso de todos os seres e atuavam em sua interioridade. Viver consoante estas energias universais era levar uma vida sustentável, serena e cheia de sentido.
Sabemos pela física quântica que a consciência e o mundo material estão conectados e a maneira que um cientista escolhe para fazer a sua observação, afeta o objeto observado. Observador e objeto observado se encontram indissoluvelmente ligados. Dai que a inclusão da consciência, nas teorias científicas e na própria realidade do cosmos, é um dado já assimilado por grande parte da comunidade científica. Formamos, efetivamente, um todo complexo e diversificado.
São conhecidas as figuras dos xamãs, tão presentes no mundo antigo e que hoje estão voltando com renovado vigor como o tem mostrado o físico quântico J. Drouot em se livro O Xamã, o Físico e o Místico (Record 2002) que tive a honra de prefaciar. O xamã vive um estado de consciência singular que o faz entrar em contato íntimo com as energias cósmicas. Ele entende o chamados das montanhas, dos lagos, das florestas, dos animais e, das estrelas e dos outros. Sabe conduzir tais energias para curar e harmonizar o ser humano com o todo.
Em cada um de nós existe a dimensão xamânica, escondida dentro de nossa interioridade Essa energia xamânica nos faz silenciar diante da grandeza do mar, vibrar diante do olhar da pessoa amada e estremecer face a um recém nascido. Precisamos liberar esta dimensão em nós para entrarmos em sintonia com tudo o que nos cerca e sentirmo-nos em paz.
Talvez nossa vontade de viajar com as naves espaciais na direção do espaço cósmico, não seja o desejo arquetípico de buscar nossas origens estelares e o ímpeto de regressar ao lugar de nosso nascimento? Vários astronautas expressaram semelhantes idéias.
Pertence à noção compreensiva de sustentabilidade, esta nossa busca incontida de equilíbrio com o todo e de sentirmo-nos parte do universo. A sustentabilidade comporta valorizar este capital humano e espiritual cujo efeito é produzir em nós respeito, sentido de sacralidade diante de todas as realidades, valores que alimentam a ecologia profunda e que nos ajudam a respeitar e a viver em sintonia com a Mãe Terra. Hoje faz-se urgente essa atitude, para moderar a força destrutiva que nas últimas décadas tomou conta da humanidade.
http://leonardoboff.wordpress.com/2011/11/27/despertar-a-dimensao-xamanica/
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Atenção Educadores: Dicas de Atividades para sala de aula
Conheça o site http://www.conteudoseducacionais.com.br/atividades-sala-aula.asp e veja dicas de atividades para você fazer em sala de aula ou na rua ou na beira do rio ou debaixo de uma magueira.
Olha só o que pesquei lá do site:
"Para aproveitar os recursos disponíveis na escola e implementar novas metodologias de ensino, são apresentadas nesta seção atividades* que contribuem na construção de aulas mais ricas, interessantes e que ajudam os alunos a entenderem melhor e de forma interativa os conteúdos apresentados.
Essas atividades são resultado de um trabalho conjunto entre professores e especialistas em educação e tecnologia e foram desenvolvidas ao longo de encontros e trocas de experiências durante capacitações da Microsoft Educação em diversos estados brasileiros e retratam necessidades sentidas pelos educadores ao longo deste período."
Portanto, boa leitura!!!
Jonas Banhos
mochileirotuxaua.blogspot.com
domingo, 20 de novembro de 2011
Dia da Consciência Negra
"O problema dos pretos
O problema dos pretos é que eles nos obrigam a ver o mundo além de uma perspectiva monocromática
O problema dos pretos é que eles vão além destes contrastes à preto e branco
O problema dos pretos é que eles nos enriquecem e continuam pobres
O problema dos pretos é que a nossa riqueza depende da pobreza deles
O problema dos pretos é que eles nos colocam o preto no branco
O problema dos pretos é que eles nos fazem ver o lado negro das coisas
O problema dos pretos é que eles nos evocam a nossa poética e execrada ancestralidade
O problema dos pretos é que por serem pretos são ainda negros e como tais o que tem de mais sublime nos nossos antepassados
O problema dos pretos é que eles são lindos e nós o in vejamos
O problema dos pretos é que eles nos fazem ver o quão preconceituoso e mesquinho é o mundo
O problema dos pretos é que eles não se entregam e por isso mesmo constroem uma resistência que vai além das raças
O problema dos pretos é que os seus tambores dançam em nossas consciências de tal forma que nossas cabeças se tornam demasiado pequenas para suportar este som
O problema dos pretos é que são pretos e nós meros racistas fascistas
O problema dos pretos é que eles não tem problema nenhum, ao contrário, nós é que lhes criamos situações vexatórias
O problema dos pretos não estão colocados aos poetas: eu sou preto e índio.
AXÉ ZUMBI"
fonte: do facebook do Carpinteiro da Poesia
A Rotulagem dos Produtos Transgênicos
As embalagens de produtos que são produzidos a partir de grãos transgênicos devem conter um aviso de utilização dos mesmos. O aviso consta de um triângulo, com fundo de cor amarelo, com a inserção da letra "t" em maiúsculo e na cor preto.
Bem, se você desconfia que produtos transgênicos fazem mal à saúde, além de prejudicar a mãe natureza, se ligue aí nessa imagem na hora de adquirir determinados produtos!!!
Eu já estou ligadaço!!!
abraços fraternos,
Jonas Banhos
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Escrita indígena: registro, oralidade e literatura
DANIEL MUNDURUKU | OUTUBRO 2011 Escrita indígena: registro, oralidade e literatura O reencontro da memória |
A escrita é uma conquista recente para a maioria dos 250 povos indígenas que habitam nosso país desde tempos imemoriais. Detentores de um conhecimento ancestral apreendido pelos sons das palavras dos avôs, estes povos sempre priorizaram a fala, a palavra, a oralidade como instrumento de transmissão da tradição, obrigando as novas gerações a exercitarem a memória, guardiã das histórias vividas e criadas. A memória é, ao mesmo tempo, passado e presente, que se encontram para atualizar os repertórios e possibilitar novos sentidos, perpetuados em novos rituais, que, por sua vez, abrigarão elementos novos num circular movimento repetido à exaustão ao longo da história. Esses povos traziam consigo a memória ancestral. Entretanto, essa harmônica tranquilidade foi alcançada pelo braço forte dos invasores: caçadores de riquezas e de almas. Passaram por cima da memória e escreveram no corpo dos vencidos uma história de dor e sofrimento. Muitos dos atingidos pela gana destruidora tiveram que ocultar-se sob outras identidades para serem confundidos com os desvalidos da sorte e assim poderem sobreviver. Esses se tornaram sem-terras, sem-teto, sem-história, sem-humanidade. Tiveram que aceitar a dura realidade dos sem-memória, gente das cidades que precisa guardar nos livros seu medo do esquecimento. Por outro lado – e graças ao sacrifício dos primeiros – outro grupo pode manter sua memória tradicional e continuar sua vida com mais segurança e garantia. Esses povos foram contatados um pouco mais tarde, quando os invasores chegaram à Amazônia e tentaram conquistá-la, como já haviam feito em outras regiões. Tiveram menos sorte, mas também fizeram relativo estrago nas culturas locais e as tornaram dependentes dos vícios trazidos de outras terras. Foram enfraquecidos pela bebida, entorpecidos pela divindade cristã e envergonhados em sua dignidade e humanidade. Esses povos – uns e outros – estão vivos. Suas memórias ancestrais ainda estão fortes, mas ainda têm de enfrentar uma realidade mais dura que a de seus antepassados. Uma realidade que precisa ser entendida e enfrentada. Não mais com um enfrentamento bélico, mas através do domínio da tecnologia da cidade. Ela é tão fundamental para a sobrevivência física quanto para a manutenção da memória ancestral. Se estes povos fizerem apenas a “tradução” da sociedade ocidental para seu repertório mítico, correrão o risco de ceder ao canto da sereia e abandonar a vida que tão gloriosamente lutaram para manter. É preciso interpretar. É preciso conhecer. É preciso se tornar conhecido. É preciso escrever – mesmo com tintas do sangue – a história que foi tantas vezes negada. A escrita é uma técnica. É preciso dominar essa técnica com perfeição para poder utilizá-la a favor da gente indígena. Técnica não é negação do que se é. Ao contrário, é afirmação de competência. É demonstração de capacidade de transformar a memória em identidade, pois ela reafirma o ser na medida em que precisa adentrar no universo mítico para dar-se a conhecer ao outro. O papel da literatura indígena é, portanto, ser portadora da boa noticia do (re)encontro. Ela não destrói a memória na medida em que a reforça e acrescenta ao repertório tradicional outros acontecimentos e fatos que atualizam o pensar ancestral. Há um fio muito tênue entre oralidade e escrita, disso não se duvida. Alguns querem transformar este fio numa ruptura. Prefiro pensar numa complementação. Não se pode achar que a memória não é atualizada. É preciso notar que a memória procura dominar novas tecnologias para se manter viva. A escrita é uma delas (isso sem falar nas outras formas de expressão e na cultura, de maneira geral). E é também uma forma contemporânea de a cultura ancestral se mostrar viva e fundamental para os dias atuais. Pensar a literatura indígena é pensar no movimento da memória para apreender as possibilidades de mover-se num tempo que a nega e que nega os povos que a afirmam. A escrita indígena é a afirmação da oralidade. Por isso atrevo-me a dizer como a poeta indígena Potiguara Graça Graúna: Ao escrever, dou conta da minha ancestralidade; do caminho de volta, do meu lugar no mundo. |
O livro infantil digital
23/05/2011
Na ordem do dia das preocupações de todo editor, pensar o livro digital infantil nos remete a um universo de questões bastante específicas e diferenciadas dos outros segmentos editoriais. Para além da contraposição entre a afirmação do livro digital e o livro em papel, para além da discussão do desaparecimento definitivo do livro tal como o conhecemos hoje, há questões específicas do livro infantil que se delineiam nesse universo ainda duvidoso em que se move a edição digital.
No caminhão de perguntas sem resposta com o qual adentro este universo, um dos aspectos que não deixam margem a duvidas é a certeza de que estamos vivendo um momento de efetiva inflexão da indústria editorial. Seja qual for o caminho que for tomado - a edição do livro em papel, a edição digital ou ambas -, todas as etapas do fazer editorial estão postas em questão e provavelmente passem por um franco processo de mudanças. Não há nenhuma novidade nisso e muito se tem falado a esse respeito.
Porém, a sensação de ser testemunha desta reviravolta no mundo da edição só fui ter mesmo algumas semanas atrás participando do TOC (Tools of Change for Publishing), conferência sobre o futuro do livro infantil promovida pela Feira de Bolonha. Pela primeira vez, a maior feira dedicada ao livro para crianças e jovens organizou uma discussão sobre o livro digital e sobre as mudanças que este novo suporte podem representar para este mercado. Tal reconhecimento e a convocatória para um prêmio anual a partir de 2012 para o melhor livro digital, o Bologna Ragazzi Digital Award, instituem e chancelam o livro digital infantil no universo do que há de melhor na produção do livro infantil e juvenil.
O forte interesse despertado pelo tema ficou comprovado pelo público presente. Mais de 200 pessoas de 27 países diferentes se reuniram no domingo, véspera da abertura da feira, durante um longo dia onde se sucederam palestras e mesas redondas sobre três grandes temas: um geral sobre o mercado, outro sobre a edição e as mudanças que desde já se vislumbram e um terceiro sobre os novos suportes e suas características.
Mais do que dar respostas, essa jornada reiterou dúvidas e confirmou as primeiras impressões. Quem foi ao TOC atrás de respostas ou de modelos de negócios saiu com a certeza de que ninguém sabe ao certo como fazer. E o que fazer depende de muito investimento e experimentação. Movendo-se ainda às cegas, os grupos editoriais que já atuam neste segmento de mercado deixaram claro o caráter experimental de suas iniciativas e pesquisas, assim como o grande investimento que significa entrar para valer e de forma original neste segmento. Além dos investimentos em pesquisa e criação, foi reiterado que o livro digital exige constantes atualizações no ritmo das inovações tecnológicas exigidas pelo seu suporte.
Se o avanço e a substituição do livro em papel pelo formato digital é inquestionável em vários segmentos do mercado editorial, é só pensar nas enciclopédias, nos dicionários e nos livros científicos, conteúdos que se adaptam melhor a este formato e suas inovações. No caso do livro infantil, o que os exemplos de ponta das experiências digitais mostram não são apenas transposições para um outro formato. Ao contrário, o que temos são novos produtos: livros animados, com recursos interativos muito próximos dos brinquedos que exigem aptidões diferentes daquelas que a leitura (em silêncio ou compartilhada) exige.
Reconhecer estas diferenças não significa de modo algum desprezar as consequências que estas inovações impõem ao mercado editorial do livro infantil. A reviravolta está em curso e a imaginação e criatividade dos editores para fazer frente a estas mudanças são onde reside, do meu ponto de vista, a sobrevivência com maior ou menor peso do livro em papel. É importante repensar o que se faz, ir atrás de uma maior qualidade, explorar ao máximo os recursos gráficos, descobrir novos nichos e novos formatos de modo que o livro em papel se torne exclusivo garantindo seu espaço no mercado.
Livro digital e abertura de novos mercados andam de mãos dadas. Crianças são os novos consumidores em potencial desta era digital e como tais devem ser bombardeadas por novos produtos e por constantes inovações. Nesta guerra de mercado, o livro digital é o suporte mais adequado para ganhar espaço e consumidores. Na briga pela ampliação de novos mercados fica claro que os grandes grupos não podem deixar de entrar nesta competição e de colocar o foco neste novo produto que é o livro digital.
Porém, é aqui que reside um dos maiores nós deste mercado: o desconhecimento geral das regras deste novo negócio. Não se sabe como controlar o número de cópias vendidas, como fazer frente aos downloads free, como fazer disto um negócio rentável a ponto de justificar o enorme investimento que o livro digital pressupõe. As mesmas dúvidas ocorrem com a divulgação destes novos produtos. Como dar visibilidade a cada título nos sites de compra? Como controlar e intervir nos sites das grandes corporações detentoras da tecnologia? Como fugir das regras impostas por elas?
Faz décadas que a indústria editorial vem acolhendo e se moldando aos efeitos dos avanços tecnológicos e não há nenhuma novidade nisso. A indústria do livro digital é uma nova etapa deste processo, no qual estamos apenas engatinhando. Os novos formatos estão aí impondo sua força no mercado. Mas eles precisam de conteúdo, isto é, da criatividade de autores e ilustradores, do olho do editor capaz de identificar e formatar um produto, de identificar pontos fortes e estabelecer parcerias.
Esta ponte fundamental entre conteúdo e forma como ponto de partida foi comentada por Neal Hoskins da Wingedchariot Press, que fechou o TOC com uma frase bastante paradigmática naquelas circunstâncias: “Always remember where you come from”. Muitas podem ser as interpretações, porém no contexto no qual nos encontrávamos, a remissão ao conteúdo, à literatura como suporte essencial e ao trabalho criativo foram lembradas.
Dolores Prades é editora, gestora e consultora na área editorial de literatura para crianças e jovens. É também curadora e coordenadora do projeto Conversas ao Pé da Página - Seminários sobre Leitura e coordenadora da área de literatura para crianças e jovens da Revista eletrônica Emília - www.revistaemilia.com.br
Pequenos grandes leitores é uma coluna que pretende discutir temas relacionados à edição e ao mercado da literatura para crianças e jovens, promover a crítica da produção nacional e internacional deste segmento editorial e refletir sobre fundamentos e práticas em torno da leitura e da formação de leitores. Ela é publicada quinzenalmente, às segundas-feiras.
A literatura para crianças e jovens, um saco de gatos?
01/08/2011
Marcada desde as suas origens por uma forte vocação educativa que tinha como objetivo doutrinar crianças e jovens para uma vida dentro dos preceitos burgueses, muitos livros carregam até hoje esse caráter moralizante. Afinal, como afirma Teresa Colomer, os adultos sempre tiveram muito claro como devem ser os livros para crianças e jovens e nada melhor do que estes livros para formar o cidadão de amanhã, de acordo com a forma como uma determinada sociedade quer ser vista.
Numa relação quase natural com essa forte vocação, parte considerável desta produção fica a serviço de exigências escolares, de motivações e conteúdos que obedecem a uma lógica, na maior parte das vezes, distante do universo dos leitores. E não precisamos ir muito longe, ou voltar à era vitoriana para procurar exemplos. Basta pensar nos estragos provocados pelo pensamento contemporâneo do politicamente correto para dimensionar o grau de interferência e até mesmo de censura a que os livros podem ser submetidos.
Acostumada a fazer concessões ou a prestar serviço a uma causa qualquer determinada pelo mundo dos adultos, a literatura infantil e juvenil amadurece com fortes traços instrumentais. Isto quer dizer que ela não nasce e nem se desenvolve como um fenômeno estritamente literário. Esta é sem dúvida uma das principais marcas desta literatura, além de ser a única a contar sempre com a interferência de um mediador entre o livro e o leitor.
Este desenvolvimento não se deu numa via de mão única e o caráter instrumental conviveu sempre com outra tradição, muito mais antiga, ligada às narrativas primordiais, aos relatos medievais, responsáveis pela origem dos contos clássicos. Nesta simbiose entre maravilhoso, realidade e humanismo está uma outra vertente da literatura para crianças e jovens. Desta fonte, por exemplo, bebeu Lobato que enraizou a literatura brasileira para crianças e jovens na melhor tradição e produziu uma obra sem precedentes que marcou toda a produção literária posterior. A existência e a qualidade desta literatura não estão em questão e nem são pauta desta reflexão.
O que gostaria de frisar é precisamente essa ambiguidade que perpassa a história desta literatura e que pode, à primeira vista, parecer distante, mas é uma das marcas principais de nosso mercado. Quem nunca se fez a pergunta: este livro é para adoção ou para livraria? E dependendo do foco do catálogo, essa questão terá sido um critério decisivo de escolha e seleção. E quem nunca se fez, em algum momento, provavelmente escutou algo parecido de algum comercial.
Estamos falando de “varias literaturas”? Uma instrumental que é aceita e serve a escola e outra à margem desta? Nesta dicotomia que engloba tudo reside uma das grandes perversidades do nosso mercado de literatura infantil e juvenil. E um dos grandes equívocos conceituais sobre o entendimento do que é literatura e de seus desdobramentos.
O que se entende por literatura infantil e juvenil? Cabe tudo dentro de um mesmo saco? As armadilhas do mercado não deixam espaço para “sutilezas” e praticamente tudo è igualmente rotulado.
Enquanto essa generalização for aceita com naturalidade e continuar a se falar e produzir “literaturas” para diversos fins, as editoras estarão certamente fazendo um desserviço para a formação dos mediadores e dos futuros leitores. Hoje já se conhecem os limitados resultados da literatura utilitária escolar para a promoção leitora. Porém, vale lembrar que a adoção de livros instrumentais não pode ser vista como algo isolado. Ao contrário, a persistência deste gênero se apóia, por exemplo, em um professor não leitor, carente de história de leitura e de critérios ou parâmetros de escolha entre as diversas ofertas do mercado.
Outro elemento que alimenta este círculo vicioso é a cobrança social que faz com que famílias pressionem as escolas para evitar o acesso de crianças e jovens a temas considerados “inadequados. Todos eles veiculados nos horários nobres da TV e assistidos em presença de toda a família; porém sem a força ativa de reflexão e introspecção que a leitura implica e que até hoje faz dela uma atividade temida e incompreendida.
Isto não quer dizer que o mercado não exija livros de diferentes gêneros, como livros de informação e de conhecimento, livros de comportamento – tão na moda -, livros de fundo ético para discutir valores, livros que a partir de uma história facilitem a discussão de problemas específicos, livros fáceis de ler... Há mercado para todos, inclusive para uma linha de autoajuda infantil e juvenil.
No campo da literatura também há um leque de variantes: são os gêneros diversos que vão dos clássicos ao fantástico (eis um bom tema para uma próxima coluna). A distinção dos gêneros, a identificação das especificidades de cada um deles, a sua sinalização clara são, por um lado, sinais de amadurecimento do mercado. E, por outro, são instrumentos nas mãos de mediadores e de leitores cada vez mais exigentes e criteriosos.
Isto será o resultado de vários fatores, porém o editor tem em mãos a possibilidade de desfazer essa ambiguidade, essa dicotomia sem, com isso, perder de vista os diferentes mercados. Afinal, nada melhor do que a literatura para tomar contato com o mundo, para se por no lugar do outro, sem artificialismos e concessões. Não é isso?
Em tempo: Cecília Bajour, uma das mais importantes criticas literárias de literatura para crianças e jovens, vem para o 4º Seminário do Conversas ao Pé da Página no dia 16 de agosto, para falar junto com João Luis Ceccantini, sobre o tema “Literatura infantil e juvenil e a formação do leitor literário”, no SESC Pinheiros. Imperdível.
Dolores Prades é editora, gestora e consultora na área editorial de literatura para crianças e jovens. É também curadora e coordenadora do projeto Conversas ao Pé da Página - Seminários sobre Leitura e coordenadora da área de literatura para crianças e jovens da Revista eletrônica Emília - www.revistaemilia.com.br
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